MEDICI X CAVALCANTI
MEDICI X CAVALCANTI
Introdução
Ao tentar atualizar nossos conhecimentos sobre a família Cavalcanti no século XV, notamos que certas simplificações estariam prejudicando o desenvolvimento de nossos trabalhos.
Sentimos a necessidade de aprofundar nossos conhecimentos sobre este período florentino, conhecer as personalidades mais relevantes citadas pela historiografia factual (1), indistintamente das famílias Cavalcanti, Medici, Acciaiuoli, Strozzi, Salviati, e muitas outras da elite ou mesmo tradicionais, economicamente decaídas, como os Machiavelli, ou ainda emergentes como os Capponi.
Notamos, também, que neste séc. XVI seria necessária uma percepção nova de família, não mais observada em bloco homogêneo como nos séculos anteriores, verdadeiros clãs que se movem sem nuances, quase sem individualidades muito definidas, mas famílias agora que se debatem e se digladiam politicamente em seu próprio interior.
As mudanças significativas nos valores das famílias Renascentistas foram muito bem explicitadas por Shakespeare no seu drama Romeu e Julieta, passado em Verona, no período em causa - personalidades jovens dilaceradas por conflitos político-familiares e tradições de clã, ainda medievais.
Para Florença, que havia experimentado um longo período de aprendizagem em direção ao aprimoramento da vida republicana, o Renascimento e a conseqüente modernidade haviam trazido mudanças muito rápidas, especialmente nas tradições familiares, nos valores e nos conceitos, mudanças significativas e muitas vezes dolorosas.
Nos estudos iniciais sobre a família Cavalcanti, esta foi observada por nós desde os primeiros séculos em Florença, ano 1000, em um conjunto praticamente homogêneo. De varões religiosos oriundos do reino franco para dominar os lombardos, haviam eles se tornado, em Florença, hábeis e ricos comerciantes, banqueiros e letrados. Através do processo longo de participação política e atividades nas guildas, os Cavalcanti, ocultando por vezes sua origem magnati, mudando de nome para participar de cargos públicos, haviam conseguido se adaptar às variações dos regimentos e das ordenações republicanas, no sentido cada vez mais representativo que caracterizou, mesmo, a República Florentina.
Na virada do século XV para o séc. XVI são realizadas as experiências republicanas ainda mais inovadoras: a de Savanarola 1495/ 1512, e da Nova Republica, 1527 /1530. Os Cavalcanti de Florença, sempre ativos e participantes, já bem adaptados às mudanças regimentais republicanas, nas experiências novas, até mesmo radicais, se fizeram ainda mais uma vez representar (2).
Na virada do século, momento em que viveram os Cavalcanti do nosso ramo que migram para o Brasil, o foco desta pesquisa deverá se aproximar ainda mais do nosso objeto de atenção, a cidade de Florença desde pelo menos 1478, data da conjuração Pazzi, passando pela primeira República (1495-1512), a segunda Republica (1527-1530), a resistência de Montemurlo, à subida de Cosimo I ao poder em 1537, culminando com os episódios bélicos do cerco de Siena, a Conspiração Pucci & Cavalcanti de 1559, até aproximadamente 1575, ano da Conspiração Pucci & Ridolfi. Estas duas últimas ocasiões, episódios históricos finais da resistência dos toscanos contra os Medici, em defesa do seu longevo governo Republicano.
Ao percebermos no período citado a atuação ambivalente dos Medici em relação à representação republicana e aos diversos ramos da família Cavalcanti em Florença, perceberemos também a existência de nítida divisão política no interior da própria família Medici, divisão que no correr do séc. XVI vai se aguçar ao paroxismo, na inimizade definitiva entre Catarina e Cosimo I, ambos da própria família Medici.
O comportamento de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, do ramo “Cavalleschi”, cujo filho Filippo em 1560 vem para o Brasil, comportamento de início politicamente cauteloso relativamente aos seus demais parentes Cavalcanti de Florença já então em franca oposição aos Medici, será apresentado e também analisado.
Estaremos limitados, como nos indica Maquiavel em sua história de Florença, aos acontecimentos no interior desta cidade, no século XVI. Os acontecimentos exteriores à cidade só serão citados quando necessários à compreensão dos episódios factuais internos (3). A atuação de Catarina de Medici no governo da França, interagindo com seus parentes em Florença, intervindo com os Cavalcanti no cerne mesmo da política florentina, nos obrigará a ligeiras abordagens relativas à corte francesa, igualmente as mais limitadas possíveis. O mesmo em relação à corte inglesa onde viveram e permaneceram por longos anos, exilados, os do nosso ramo Cavalcanti, Giovanni di Lorenzo, esposa e filhos.
Parte I - Reações à preponderância dos Medici
- séc. XV
As primeiras reações aos Medici, em Florença, surgem nos fins do séc. XIV (1378), na revolta popular dos “ciompi’, cartadores de lã, estando já Salvestre Medici na senhoria (4).
Lembramos que contestações políticas eram comuns na vida republicana florentina. Mas, especificamente estas contestações contra os Medici irão se acentuando na medida em que esta família se torna muito rica e não permitem que outras famílias lhes façam concorrência econômica e social - finalmente, tomando as rédeas firmes do governo da cidade pela cooptação de colaboradores,
Sabemos que na crise econômica dos anos 1340 os banqueiros florentinos haviam tido grandes prejuízos causados pelo calote da Inglaterra. Porém os Medici, com fortuna comercial e bancária nova, não haviam sido atingidos por estes prejuízos do século anterior, enquanto casas comerciais e bancárias tradicionais como os Acciauoli, Bardi e Peruzzi haviam sido seriamente abaladas (5).
Os banqueiros Acciauoli, desde 1396, o “grande” Palla Strozzi, os Albizzi e mesmo os Cavalcanti, em 1433 e 1434, haviam já contestado o grande poder obtido pela família Medici durante o governo de Cosme de Medici e muitas famílias haviam mesmo deixado a cidade (6).
“E o partido inimigo desterrou [...] muitos outros cidadãos, em tal quantidade que foram poucos os lugares na Itália que não receberam exilados e muitos fora da Itália os que ficaram deles repletos. Assim pelo incidente Florença, não somente se privou de homens de bem, como de riquezas e indústria.” (7).
Filippo Strozzi, o Velho, somente em 1466 já muito rico retornará de Lion para reconstruir, simbolicamente, sua casa em Florença, ainda com mais pompa e assim pretender rivalizar-se de novo com os Medici (8).
A contestação literária ao poder monopolista dos Medici exercida por nosso parente do ramo napolitano Giovanni Cavalcanti, autor da “História de Florença” nos anos 1440, sequer havia arranhado o prestígio ou o crescimento financeiro desta família. Giovanni Cavalcanti havia denunciado em sua obra a degenerescência da Republica comandada pelos Medici, tornada um sistema de clientelismo e dependência econômica (9).
Mas Lorenzo e Juliano de Medici, Príncipes do Estado em 1469, sentindo-se financeira e politicamente absolutos, adulando os segmentos populares, captando capitais judeus para concorrer com os grupos florentinos em finanças, comercio ou produção, se viam em situação extremamente confortável, com uma riqueza de origem nova, financiando artistas, colecionando obras de arte, embelezando a cidade e gastando nababescamente.
E nesta situação tem início, de fora e mesmo de dentro da família, os questionamentos políticos mais severos à atuação dos Medici dominantes.
A conjuração Pazzi em 1478 e o assassinato de Giuliano Medici foram episódios demonstrativos da insatisfação de segmentos políticos e financeiros prejudicados pelos Medici, episódios de insatisfação que chegavam até Roma. O atentado ocorre no interior de uma igreja e comove e traumatiza a população.
Além dos banqueiros Pazzi, desprestigiados por Lorenzo, também os Salviati estavam envolvidos. As punições foram sangrentas e talvez crúeis. O Arcebispo Francesco Salviati, seu irmão Jacobo e três membros da família Pazzi foram enforcados, entre vários outros implicados. As perseguições foram prolongadas e nem mesmo desejadas por Lorenzo.
Lorenzo, o Magnífico, havia escapado do atentado dos Pazzi com o auxílio ainda de dois Cavalcanti, Lorenzo e Andréa, seus escudeiros e aparentados. Lorenzo teria mesmo saído ferido (10).
Mas os Acciaiuolli, mesmo parentes dos Medici, possivelmente sensíveis ao clima de prepotência latente também teriam se envolvido nesta conspiração Pazzi (11).
Donato di Néri Acciaioli, neto do “grande” Palla Strozzi por sua mãe Lena, alem do mais casado com uma Pazzi, Maria di Piero, jovem diplomata e ilustre erudito, gonfaliero em 1474, reconhecido por sua oratória e clamores por Justiça teria se envolvido na conspiração Pazzi. Perseguido foi alcançado e detido em Roma, liberado por intervenção do papa. Pouco depois, sinalizando a pacificação política interna da cidade Donato foi indicado para uma embaixada florentina à França, mas falece no decurso desta viagem. Seu funeral foi, então, pomposo, com muitas honras, uma compensação do governo de Florença à sua família - Lorenzo Medici tornado tutor de seus filhos (12) (13).
Entretanto, as diferenças políticas estarão a partir de agora até mesmo instaladas no interior da família, entre os próprios membros da família Medici, e irão se acentuar cada vez mais, acabando por se tornar extremamente conflituosas e mesmo inconciliáveis.
A partir deste momento a análise do comportamento no interior da família Medici, aparentemente já ambivalente em relação ao nosso ramo Cavalcanti, se torna mesmo indispensável.
Parte II Reações á preponderância Medici - início do século XVI
Grandes tempestades ameaçaram os Medici, na virada dos 1500.
Em 1485 Pierfrancisco Medici, primo em segundo grau de Lorenzo, o Magnífico, seu tutorado e filho de Laudomia Acciauolli questionará sua herança comprometida já nos gastos faustosos do próprio Lorenzo. A questão vai aos tribunais. Píerfrancisco por tendências simpáticas a Republica representativa, ou pensando ser talvez o sucessor Medici, se aproxima dos grupos republicanos mais atuantes e quando a contestação maior provocada por Savanarola acontece, Píerfrancisco permanece na cidade e se intitula, com seu irmão Giovanni - “os Popolani” - porém não consegue mais a confiança dos florentinos (15).
Lourenço Magnífico morrera e seu filho Piero que assumira não teve mais condições de enfrentar as forças populares e radicais da República de Savanarola, temerosas ainda mais de ocupação da Toscana pelas forças francesas de Carlos VIII. Piero sai da cidade, exilando-se em Veneza. A fúria popular tem lugar. O palácio dos Medici é saqueado e a família tem que deixar a cidade, em 1494 (16).
Desta nova Republica por fim bastante radicalizada os Cavalcanti de vários ramos haviam participado em cargos de relevo.
Já no começo do governo liderado por Savanarola, Giovanni di Nicolo di Giovanni di Amerigo Cavalcanti, literato prestigiado, amigo do celebre Marsílio Ficino, muito rico herdeiro é eleito Prior de Florença em 1495. E, em 1496, com Giovanni di Francesco di Rinaldo Cavalcanti, do ramo dito “Papero” da família, foram ambos membros do Conselho Maior da Comuna de Florença. Por sua vez, em 1509, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti, descendente do ramo “Cavallereschi”, rico produtor e comerciante de seda é também eleito Prior dos Senhores. (17)
Seria interessante notar que por ocasião dos conflitos populares contra os Medici, outro filho de Lorenzo Magnífico, Giovanni Medici, com dezesseis anos, mas já cardeal teria fugido de Florença vestido como frade franciscano. Este jovem esteve exilado em vários paises.
E na corte inglesa, o jovem cardeal Medici, curiosamente, protegeu o nosso parente de ramo florentino, dito “Cavalleschi”, Giovanni di Lorenzo di Filippo Cavalcanti - cujo filho virá mais tarde para o Brasil. Giovanni Cavalcanti era jovem nobre instalado em Londres como comerciante na Casa Bardi-Cavalcanti, erudito em artes como o cardeal e aparentemente não apoiava, até então, os radicalismos de seus parentes Cavalcanti em Florença. Estabelecido em Londres como comerciante de objetos de luxo e arte, cortejando a simpatia do rei Henrique VIII, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, na verdade, talvez buscasse segurança e não comprometimento com seus demais parentes Cavalcanti, enquanto prestava serviços de confiança para este Cardeal Medici (18).
Mas em 1512 o cardeal Giovanni Medici seu protetor é convocado pelo papa Julio II para resolver a questão cismática em Pisa com o auxilio de tropas espanholas, ocasionando o saque violentíssimo da cidadezinha de Prato, vizinha de Florença. O episódio, associado à invasão dos espanhóis, acaba por desestabilizar a República socialmente radical florentina (19).
Logo em seguida, em 1513, o jovem cardeal Giovanni Medici será indicado papa- Leão X. E nosso parente, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, seu protegido é então indicado seu “cubiculari”, “cameriere segreto papal” em Londres, e vê seu prestígio crescer junto ao rei Henrique VIII, atuando a partir daí em inúmeras missões diplomáticas, que envolvem interesses florentinos, ingleses e papais (20).
Com o fim da República, em 1513 voltaram os florentinos à razão e os Medici novamente ao poder em Florença, prestigiados com um papa na família.
Giovanni Medici, agora papa Leão X, indica seu irmão Giuliano Medici ao poder.
Mas a contestação dos florentinos frente aos Medici parece não esmorecera.
Giuliano Medici é logo em seguida, contestado com nova conspiração que leva dois condenados à morte: Agostino Caponni e Piero Paolo Boscoli. Nesta conspiração o depois famoso escritor Nicolò Maquiavelli é preso e, a que tudo indica, injustamente torturado (21).
Em 1516, com a morte de Giuliano Medici é indicado ao poder em Florença, pelo papa Leão X, Lourenço II di Medici, filho de Piero, que governara inspirado pelas tendências moderadas, podemos dizer mesmo discretamente compreensivas do seu tio papa em relação às elites florentinas, porém, militarista e expansionista para a ocupação da região de Urbino, até sua morte também três anos depois, em 1519 (22).
Antes mesmo da morte de Lorenzo II, no mesmo ano de 1519, temos ainda a notícia de um veemente protesto contra os Medici por parte de um Cavalcanti, Jacobo, provavelmente de um ramo próximo e colateral ao nosso (23).
Jacobo Cavalcanti durante um rico banquete teria protestado através de uma “performance” artística - performance esta que lhe teria rendido a ida para a prisão.
Relata o historiador Michael Levey a
atuação deste Cavalcanti: “He gave a dinner to a large group of friends in a
room hung with pictures and other decorations in praise of the Medici. After
the meal, however, the lights were extinguished. When they were relit, they
revealed the room hung in blak and decorated with reversed images of the arms
of Florence and women with plaques bearing the motto “Liberty gound underfoot”.
That gesture cost Cavalcanti his own liberty; he was arrasted and condemned to
the galley” (24).
Lorenzo II pouco antes de morrer enviuvara de uma nobre francesa, Madeleine de La Tour D’Auvergne, e deixava agora uma filha órfã, com vinte e um dias de nascida.
No mesmo ano da morte de Lourenço o papa Giovanni, Leão X, prefere talvez por medida de segurança, transferir as crianças da família, indistintamente de vários ramos – Lorenzino, Alexandro, Ipólito e a pequena Catarina - para Roma. Nesta cidade ficariam aos cuidados de sua sobrinha, irmã de Lorenzo II, Clarice Medici-Strozzi e de seu marido, o banqueiro Felipe Strozzi. Neste lar acolhedor com outras crianças, os pequenos Medici estariam protegidos. Porém, lembramos desde já: Felipe Strozzi ainda que apoiasse financeiramente o papa Medici e tivesse casado com Clarice Medici, irmã de Lorenzo II, já no passado sua família se opusera de maneira marcante a prepotência dos Medici, nos anos 1433/ 34 (25).
Depois da morte de Lorenzo II sobe ao poder Giulio di Medici, filho ilegítimo de Giuliano morto na conjura Pazzi.
E agora as conspirações sairão mesmo de dentro da casa dos Medici, do centro de atividades culturais e literárias que se reúne nos famosos jardins da casa dos Rucellai, descendentes da irmã do grande Lorenzo, Nannina, onde aparentemente se discutem novas ordenações republicanas e é tramado um atentado contra Giulio. Descoberta a conspiração, dois implicados foram executados: Jacobo Buondelmonti e Jacobo da Diacleto. A Academia foi fechada. O ilustre poeta Luigi Alamanni se exila na corte francesa (26).
E Giulio Medici, pouco depois, em 1523, será elevado também a papa, Clemente VII, o segundo da família Medici.
O estimado papa Giovanni Medici, Leão X, morrera em 1521 e o do nosso ramo, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, que fora seu protegido, seu “cubiculari”, atuando junto a Henrique XIII em funções diplomáticas papais (27), aparentemente sem mais a proteção deste amigo prestigioso voltara para Florença para casar-se com Ginerva Mannelli de antiga família de produtores de seda e, de início, ter dois filhos com ela, Felipe e Schiatta nascidos em 1525 e 1527. Mas já em 23 sua casa comercial em Londres estará sob inventário controlado pelo secretário do então, ainda cardeal, Giulio de Medici.
Sabemos que pouco depois também Clarice Medici-Strozzi, tia e protetora da pequena Catarina de Medici, manifestava-se igualmente indignada com os jovens estróinas Medici que afirmava incompetentes, Ipólito e Alexandre, e o próprio Passerine, prepostos de Giulio de Medici, agora tornado papa Clemente VII. Além das tradicionais críticas da família Strozzi de seu marido aos Medici prepotentes, estaria a própria Clarice também insatisfeita, dada à preferência do papa Medici, Clemente VII, por seu próprio filho Alexandre (ilegítimo), em desprezo ao lado legítimo dela (28).
Em 1527 ocorre a ocupação e o saque de Roma pelas forças do imperador espanhol Carlos V, fatos que humilham sobremaneira o novo papa Medici.
Os florentinos, então, já assustados com a nova geração de herdeiros Medici, aproveitam à oportunidade do saque a Roma e tentam um novo e curto período da chamada Segunda República (1527/30).
Em 1527 também o do nosso ramo Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, finalmente teria tomado suas primeiras atitudes publicas contra os Medici, exigindo, entre outros cidadãos proeminentes florentinos, a volta da constituição republicana de 1512 (29).
E, fato ainda mais importante e surpreendente: nosso Giovanni Cavalcanti escreve ao seu patrono Henrique VIII pedindo interviesse no “injusto” arresto de seus bens em Florença, com resposta extremamente amistosa e prestativa deste rei, datada de 24 de novembro de 1528 (30).
Clarice Medici-Strozzi na expulsão dos seus próprios jovens parentes do governo da cidade, teria tido uma participação pessoal, associando-se ao partido anti-Medici. Mas seu marido, o já poderoso banqueiro Felipe Strozzi, não aceitou participar de cargos políticos. Retira-se para sua casa de campo e apoia Nicolò Capponi, seu cunhado, pouco depois escolhido “golfaloneiro” da nova República florentina que, aos poucos, entretanto, se radicalizou. Em conseqüência Clarice Medici–Strozzi é por fim separada sob seus protestos da pequena Catarina de Medici que permanece refém do governo Republicano em conventos de Florença, ocorrendo a morte de Clarice pouco depois, em 1528 (31).
Deste segundo governo republicano, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti, que já participara da primeira República, novamente atuou em cargo dirigente no Conselho dos 200. Nesta ocasião seu jovem filho, Bartolomeo Cavalcanti (Baccio), orador inspirado da milícia e já conhecido por suas acesas convicções republicanas se opôs publicamente ao plano do radical Filippo Pandolfini que desejava destruir a igreja di San Lorenzo, símbolo da casa Medici (32).
Neste período da segunda Republica o do nosso ramo Giovanni di Lorenzo Cavalcanti também atuou em frente antimedici sugestiva e decidida, em campanha didática própria do seu “metier” de comerciante de artes, tentando exportar para a Inglaterra a obra do pintor engajado ‘Il Rosso”, procurando agradar e atrair o rei Inglês Eduardo VIII para sua causa, enviando-lhe ainda obras artísticas para a feitura de seu mausoléu (33).
Entretanto, a cidade já tomada pela peste é sitiada pelas forças de Carlos V por onze longos meses. Por fim em meados de 1530 Mainardo Di Bartolomeo Cavalcanti e Baglione Malatesta defenderam mesmo a capitulação da cidade às forças de Carlos V. Milhares de corpos jaziam insepultos fora dos muros de Florença (34), e a pequena Catarina de Medici, refém da Republica, educada em conventos, ainda era ameaçada de morte (35).
Florença foi novamente entregue aos Medici prepotentes por Carlos V, coroado Imperador do Sacro Império em Roma pelo papa Medici Clemente VII. E o jovem Alexandre, o Medici escolhido agora para ocupar o poder em Florença por seu próprio pai e papa.
Com a volta da família Médici ao poder em 1530 continuamos a observar claramente as diferenças políticas, ou de visão de mundo, entre os diferentes ramos Medici cada vez mais se acentuando.
A partir de 1533 Alessandro provoca com vários pretextos a família de Filippo Strozzi, que havia colaborado intensamente como financiador dos papas Medici e cuidado dos jovens da família. Expressaria Alezandro problemas pessoais ou desejos de vingança política pelo apoio de Strozzi aos republicanos?
Filippo havia providenciado, com grandes prejuízos, o pagamento do dote de Catarina em 1533 e financiado Clemente VII, já então doente (36). Com as afrontas de Alessandro feitas a Luiza Strozzi, sua filha, em seguida envenenada, e a morte de Clemente VII em 1534 os bens de Filippo em Florença foram finalmente arrestados por Alexandre em 1536.
O jovem Piero Medici-Strozzi, filho de Filippo, tentou defender frente ao imperador Carlos V o quanto pôde a causa de sua família e dos numerosos “fuoriusciti” florentinos, prejudicados pelo absolutismo dos Medici e já autoexilados, mas sem sucesso. Numa tentativa de intervir em benefício dos exilados políticos, o jovem Ipólito Medici, já cardeal, teria tido ainda morte oportuna e suspeita (37).
Em conseqüência, Alessandro é também assassinado pelo próprio amigo e parente Lorenzino Medici em 1537 - seu companheiro de farras com quem fora criado junto com os jovens Medici- Strozzi.
Lorenzino levaria tendências republicanas ou talvez fosse mais um ”popolano” como os de seu ramo Pierfrancisco, pretendendo ainda exercer o poder? Seu crime político ou pessoal? Lorenzino talvez pretendesse, simplesmente, vingar-se pela afronta aos seus parentes de criação. A ação criminosa de Lorezino poderia ter sido influenciada pelos Strozzi, conforme sugere alguma bibliografia (38).
Acreditamos que ambos os fatos, o arresto dos bens de Strozzi e o desejo da morte do tirano, devem ser associados para a compreensão do ato de Lorenzino, talvez assim também entendido pelo próprio Filippo Strozzi.
Como castigo exemplar deste crime político (ou familiar?), no interior da família Medici, teremos agora a tenaz perseguição de Lorenzino e o seu assassinato encomendado (castigo também familiar ou político?) por Cosmo I, o novo, enérgico e voluntarioso Medici no poder.
Cosimo subira ao poder em acordo político de pacificação com as elites florentinas, comprometendo-se a respeitar as regras republicanas, mas logo, voluntarioso, rompera o acordo.
Pelo lado materno Cosimo era neto de Lucrecia Salviati, lembramos, casada por seu pai, Lourenço Magnífico, com um Salviati, Jacobo, para o apaziguamento das famílias depois do atentado dos Pazzi em 1478. Sua mãe Maria era, portanto, uma Salviati (39). Cosimo, do lado paterno, era neto do “popolano” Giovanni Medici (1467-1498), e filho do "condottieri” Medici, Giovanni de la Bande Nere (pala negra), militar arrojado, muito devotado ao nosso conhecido papa Leão X (40).
A avó paterna de Cosimo I, Catarina Sforza, que se casara em segundas núpcias com o “popolano” Giovanni, fora beldade renascentista culta e refinada da época, freqüentadora das cortes de Milão e Roma, mas portadora uma de índole indomável, guerreira e prepotente, amante da alquimia - a famosa Dama de Forli. Sua personalidade tenaz teria indiretamente inspirado mesmo a jovem Catarina de Medici, contagiado o filho "condottieri”, e o próprio neto, Cosimo (41).
Cosimo mandou perseguir Lorenzino durante onze anos, por toda a Europa, até ser ele alcançado e morto por um sicário em Veneza (42).
Nestes dramas no interior da família Medici estarão comprometidos cada vez mais a família Strozzi.
Como observamos acima, o poderoso banqueiro Felipe Strozzi e sua mulher Clarice Medici, apesar de terem apoiado a Republica, haviam perdido a guarda da pequena Catarina de Medici. Clarice morrera em seguida. E Felipe Strozzi tendo colaborado com o papa Medici, Clemente VII, providenciado o pagamento do dote de Catarina, fora alem do mais desfeiteado por Alexandre Medici. Sua jovem e atraente filha Luiza Strozzi envenenada e seus bens arrestados em 1536 (43). Assim sendo, a família Strozzi se vê obrigada a continuar a agir contestatòriamente, de maneira cada vez mais dramática.
Na corte francesa os membros das famílias republicanas exiladas pela prepotência dos Medici, os “fuoriusciti”, tentaram então levantar recursos e homens para uma reação coordenada. Contam agora com o auxílio da indignada Catarina de Medici casada na corte francesa e já em conflito com seus parentes de Florença - atuante como articulador desta insatisfação o nosso parente Bartolomeo Cavalcanti, republicano convicto, e Bernardo Medici-Salviati, também rico banqueiro, exilado na França (44) (45).
Com o encorajamento discreto de Catarina de Medici e de seu sogro Francisco I, os exilados florentinos, republicanos de todos os matizes, aliados ao banqueiro Felipe Strozzi e seus filhos já adultos, estarão todos unidos em 1537 no conflito armado em Montemurlo, contra as forças de Cósimo I.
As forças rebeladas estarão sob o comando do jovem Piero Medici-Strozzi, filho de Filippo e de Bernardo Medici-Salviati, respectivamente bisneto e neto de Lorenzo, o Magnífico. Mas, nos embates, morre em luta ”combatendo bem” o filho do banqueiro Bindo Altoviti, Caccia. (46) Também um ou dois dos jovens Medici-Strozzi, filhos de Clarisse Medici, Vicenzo e Giulio, podem ter morrido em combate ou na repressão de Cosme I que se segue a derrota de Montemurlo, com sugerem as datas de seus falecimentos - 1537 (47).
A elite florentina, derrotada e humilhada é obrigada a entrar em Florença e desfilar acorrentada. Entre os detidos estava Filippo Strozzi, o maior banqueiro florentino da época, humilhado e recebido por Cosimo I. As lideranças apresadas, “expoentes da oligarquia antimedicea” segundo o historiador por fim decapitadas em agosto, no cortile do Burgello. ...”per quattro giorni continove ogni mattina fu mozzo il capo a quattro per volta” entre eles Baccio Vallori, seu filho e sobrinho, um Adimari, um Guichiardini, um Antinori, Francisco Antonio degli Albbizzi e Alessandro Rondinelli (48).
O banqueiro Felipe Strozzi ficou preso na fortaleza de San Giovanni Batista, em Florença, como refém, usado como trunfo financeiro. Para não ser torturado e delatar seus amigos e aliados (Catarina de Medici, o Rei francês ou Lorenzino) Felipe depois de um ano preso teria se suicidado em 1538 (49). Já seu escudeiro e amigo, Guiliano Gondi fora torturado (50) (51).
Porém os jovens Medici-Strozzi e os republicanos exilados das mais variadas tendências republicanas, indiferentemente radicais ou “ottimattis", segundo os profundos estudos do historiador moderno Paolo Simoncelli, não se davam ainda por vencidos na luta contra os Medici.
Dezesseis anos mais tarde a luta contra Cosme I ainda agregará pela República de Siena (1554/55) um grupo poderoso de banqueiros florentinos mobilizados, sobretudo, por Bindo Altoviti, líder dos banqueiros de Florença em Roma, que havia perdido seu filho Cássio, lutando em Montemurlo. Contavam estes banqueiros agora com o auxílio aberto do rei Henrique II da França, marido de Catarina de Medici, já no contexto da guerra francesa contra as forças do Sacro Império. No auxílio a Republica vizinha da cidade Siena, estarão ainda os filhos jovens de várias famílias republicanas exiladas, “os fuoriusciti” lutando contra as topas armadas medicéias e imperiais, comandadas por Gian Giacomo Medici, na batalha de Marciano (também chamada Scannagallo), agosto de 1554 (52).
Neste episódio, mais uma vez a família Cavalcanti se colocava pelo experiente Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, escritor e republicano convicto, atuante em 15 27/30, agora em 1537 em função dirigente, defendendo a República cercada e por fim dilacerada de Siena (53).
Nesta ocasião dramática seu jovem filho, Giovanni di Bartolomeo Cavalcanti, é feito refém em Florença por Cosimo I. (54).
Também os filhos de Clarisse e Filipe Strozzi foram, nestes episódios contestadores, ainda mais penalizados. Piero Medici-Srozzi já chefe das forças aliadas francesas nos enfrentamentos de Siena, ferido três vezes em batalha escapou refugiando-se na fortaleza de Montalcino. Mas seu irmão, Leone Medici-Strozzi, pertencente à ordem dos Cavaleiros de Malta, experiente e temerário comandante naval, tido mesmo como “pirata” aliado dos turcos foi morto em conseqüência de ferimentos por arcabuz no cerco à Scalino, na Toscana, tentando reunir-se às forças de seu irmão na defesa da Republica de Siena (55).
Castelos e fortalezas foram, então, tornados ruínas pelos bombardeios. Siena teve sua população devastada. Muitos “fuoriusciti” e soldados genoveses na defesa dos fortes de Port’Ercole, bombardeados por mar, foram justiçados pelo comandante Andréa Doria e pelas forças de Cosimo I (56).
Apresados Giovambattista Strozzi, sobrinho de Filippo Strozzi, Bartolomeo di Cosimo Arrigue e Tommaso di Piero Cassia foram decapitados na praça S. Appolinario, em Florença, sua cabeças colocadas na ponta de lanças (57).
Detido também em Port’ Ercole, Alessandro Medici-Salviati, neto de Lucrécia Medici-Salviati, bisneto do grande Lorenzo, que pretendeu a pacificação dos Medici com os Salviati pelo congraçamento com esta família – este mesmo Alezandro Salviati, por tentar auxiliar seus parentes Piero e Leone na luta por Siena, negando desculpas ante Cosimo, teria sido morto - justiçado na prisão de Livorno, como traidor (58).
Para compreender os fatos históricos que se seguem a estas crescentes tragédias político/familiares dos Medici, e melhor compreendermos a atuação dos Cavalcanti de Florença nos anos seguintes, especialmente os do nosso ramo, devemos a partir de agora focalizar ainda mais de perto nossos principais atores políticos, quase ‘voyeurs” de nossos personagens históricos.
Voltemos um pouco atrás, acompanhando uma de nossas personagens, para melhor prosseguirmos:
A tragédia dos Medici fora vivenciada com intensidade, e já nos seus primeiros anos, por Catarina de Medici.
A pequena Catarina, órfã protegida pelo seu tio-avô, nosso conhecido papa Leão X, fora criada pelos Medici-Strozzi, mas aos oito anos foi arrancada aos seus pais de criação pelo governo republicano que eles mesmos haviam apoiado. Refém da República, Catarina fora educada em vários conventos, entre eles o ‘Murate’. Fato interessante, neste convento lhe serviu de exemplo e estímulo a forte virago, tenaz avó de Cosimo I, a Dama de Forli, que alí também estivera internada anos antes.
Sofreu esta jovem, certamente, ao saber notícias da morte de sua tia Clarice Medici-Strozzi, tradicional senhora que enfrentando seus parentes poderosos Medici e apoiando a segunda Republica de Florença fora, sem querer, a algoz de sua sobrinha.
Próximo ao fim desta República, ainda refém, a pequena Catarina foi ameaçada e aterrorizada por multidão enfurecida (59).
Com o fim do período, Catarina libertada, estreita seus laços com os Salviati, tendo permanecido com sua tia avó Lucrécia Salviati em Roma, onde termina sua educação artística e religiosa. Por fim, como prêmio de seu comportamento fora casada aos quatorze anos com um príncipe francês, num jogo político desejado por seu primo Medici, o novo papa da família, Clemente VII.
No cortejo do seu casamento com o também muito jovem Henrique, duque de Orléans, lá estava o nosso parente, Bartolomeo Cavalcanti, levando sua pequena filha Lucrecia como pajem e um filho, também pequeno, do nosso Giovani di Lorenzo Cavalcanti. Este havia conseguido introduzir seu pequeno filho no cortejo, certamente pelo prestígio do parente Bartolomeo (60).
Republicano atuante em 27/30, Bartolomeo, sabemos, foi muito bem recebido na corte francesa. Ele se auto-exilara de Florença no ano anterior pela subida ao poder do prepotente Alessandro Medici, e acompanhava o cardeal Giovanni Salviati (61). Podemos supor que a simpática acolhida de Catarina a Bartolomeo se devesse a interferência de seu pai, Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti, na rendição de Florença em 1530 e o livramento dela própria. É fato, igualmente, que o rei francês Francisco I recebia de maneira acolhedora desde os anos 20 em sua corte, os inúmeros “fuoriusciti”, republicanos exilados florentinos, como o poeta e estadista Luigi Alamanni.
Sabemos também que Catarina em seguida ao seu casamento teria se sentido prejudicada no seu dote e na herança de seu pai, Lorenzo II, pelos Medici então predominantes em Florença (62). Apoiada por seu sogro, Catarina de Medici da corte francesa deverá atuar desde logo, discretamente auxiliando os “fuoriusciti’ florentinos” (63).
Catarina terá notícias do drama de Lorenzino e de seus irmãos adotivos, já envolvidos em combates cruéis em 1537 e, impotente, acompanhará seu pai adotivo, Felipe Srozzi para não ser torturado e denunciá-la, suicidar-se na prisão após a derrota em Montemurlo. Dará mais do que nunca apoio total a estes irmãos adotivos Medici-Strozzi “a quem queria profundamente” (64). Por eles seus sentimentos foram sempre retribuídos - por eles foi sempre, corajosa e intrepidamente, servida (65).
Catarina estará, agora, também ligada aos sofridos e experientes Medici-Salviati, através a amizade de seu tio, pelo lado paterno, Bernardo Salviati, florentino exilado habitando o celebre castelo de Tracy, no vale do Loir desde 1520, tornado “Grand Almocer” da corte francesa. Bernardo atuou como banqueiro, conspirador e articulador dos enfrentamentos de 1537, comandante em Montemurlo. Sob estímulo de Catarina se tornou mais tarde cardeal (66).
Catarina acompanhará a perseguição de Cosimo I à Lorenzino, também um Medici como ela mesma e com o qual fora criada, por fim alcançado em Veneza, assassinado onze anos depois, em 1548.
Na corte francesa, muitos outros exilados vão ser ainda acolhidos após os combates de Montemurlo como a família Gondi, que tivera Giuliano Gondi sempre muito associado á Bartolomeu, torturado.
A nobre francesa Maria Catarina Pierrevive Gondi (? – 1570), mulher do influente banqueiro florentino exilado Antonio Gondi (1486-1560), que a partir de 1536 havia se tornado a mais fiel amiga e auxiliar de Catarina Medici na corte francesa. Maria Gondi mulher bonita, sedutora, inteligente e muito culta, tudo indica, será o núcleo dos conspiradores florentinos nesta corte (67).
Interessante notar que Maria Gondi será auxiliada adiante por Lucrecia Cavalcanti, filha do nosso parente Bartolomeo Cavalcanti. Lucrecia também havia se tornado, igualmente, dama de honra da Rainha, casada com o muito influente banqueiro, florentino exilado, Bernardo Albizzi Del Bene. Este banqueiro terá na corte o cargo de Almocer, desempenhando no período de governo do rei Henrique II (1547-1559) o papel de intermediário da coroa francesa com as casas bancárias florentinas na península italiana (68).
A corte de Catarina de Medici se tornara, portanto, o centro da reação republicana dos florentinos contra Cosimo I.
« C ‘est’a elle [ Catarina ] que s’adressent comme à leur proctetrice naturelle tous les italiens, bannis politiques, lettrés, écrivaints, jurisconsultes, artistes, qui cherchaient en France une situation ou un refuge. » (69).
Em 1554/55 estarão os “fuoriusciti” e forças militares francesas agora em um conflito aberto, incentivados por Catarina de Medici e o rei francês, pela defesa da República de Siena - épico episódio da guerra da França contra Cosimo I as forças Imperiais.
Mas sabemos que o apoio aberto francês prestado por Henrique II aos comandantes Medici-Strozzi, apoio que se fez efetivo na defesa da Republica de Siena, não fora suficiente. Em Scanagallo eles serão derrotados. Piero é ferido e Leone morre depois em combate. Siena é capturada depois de muito sofrimento, sua população arrasada.
Na maturidade Catarina certamente horrorizada acompanhara o desastre e o sofrimento dos Salviati, família reforçada em aliança de paz pelo grande Lorenzo, mas tornada, agora, inimiga acesa dos Medici. Catarina terá notícias do seu muito jovem parente Alessandro Salviati, com cerca de dezoito anos, parente também de Cosimo I pelo lado materno, descendente da sua tia-avó Lucrecia, sobrinho de seu muito amigo tio Bernardo por auxiliar seus irmãos adotivos Medici-Strozzi nestas lutas de Siena, capturado em Port´Ercole e sem se arrepender como queria Cosimo julgado traidor - decapitado na prisão de Livorno (70).
Parte III - Reações á preponderância Medici em meados séc. XVI.
Indignados depois da derrota em Siena, compreendemos porque os conspiradores na corte de Catarina prosseguissem ainda pertinazes em atuação conspiratória. Nesta corte ”os fuoriusciti” são ainda sempre bem acolhidos, situação muito bem retratada pelo romancista e historiador Cesare Trevisane (71), e logo retomam suas atividades.
Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti nosso parente do ramo descendente dos Cavallereschi, pertinaz republicano e combatente de Siena, esteve na França rapidamente em 1555, incentivando os conspiradores, orientando nova ação em Florença, antes de ir para Roma.
Sabemos que contatado o Cardeal Alexandre Farnese em Florença aliciou Pandolfo Pucci.
Em 58 teria sido recebido na corte francesa de Catarina, com recomendações para agir em Florença, também o nosso parente do ramo dito “Ciampolo”, Stolto Cavalcanti, filho do prestigiado banqueiro Tomasso Cavalcanti (72).
Nossa fonte literária refere também a Nicolo Alamanni, a Gianbatista Gondi como os mais dinâmicos em agitar os exilados florentinos da corte francesa, em direção às conspirações que eclodem, enfim, em 1559, na corte de Cosimo I (73).
Os longos braços conspirativos da rainha, ao que tudo indica, em 1559 haviam chegado, realmente, à corte de Cosimo I.
A “Conspiração Pucci ou melhor denominada “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, foi descoberta por Cosimo I em outubro de 1559. Cosimo I seria alvejado pelos conspiradores por bacamarte ou explodido em solenidade pública, mas estes planos vazaram e não irão se efetivar (74).
Com a descoberta desta conspiração em Florença, Pandolfo Pucci, cortesão amigo de Cosimo I, aliciado, foi enforcado em janeiro de 1560.
Decapitado também o nosso parente Stolto Cavalcanti, que teria conspirado pela corte francesa, filho do rico banqueiro e senador Tomasso Cavalcanti de Florença. Nos anos 1544 Tomasso fora o maior credor de Henrique VIII, amigo e parceiro de negócios de nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti em Londres.
Stolto indignado com ao assassinato de seu irmão Francesco, em Florença, por amigos dos Medici, crime que ficou impune, ou porque talvez preferisse ainda uma Republica de “otimatti” participou da conspiração com Bartolomeo Cavalcanti (75).
Igualmente decapitados Puccio Pucci e Lorenzo di Jacobo de Medici (76).
O banqueiro florentino Francisco Nasi, elemento de ligação com o banqueiro Del Bene na França também participou dos planos conspirativos. Suspeito e detido foi, entretanto, liberado - tomando rápido o rumo de Veneza (77).
Alguns conspiradores foragidos tentaram ainda escapar. Mas na sua captura Cosimo I foi pertinaz e muito bem sucedido.
Bernardino Corbinelli que realmente conspirou foi perseguido durante dez anos e, por fim alcançado, assassinado na França (78). Ricciardo Milanese em fuga, embarcado, teria caído nas mãos do turcos (79).
Jean Girolami que soube da conspiração, com ela não concordou, mas também não a delatou teve pena de prisão perpétua. Não sabemos em que ano foi liberado, mofando nas masmorras de Volterra.
E à Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, Cosimo I vai atribuir mesmo, em carta ao duque de Ferrara, a maior responsabilidade pela conspiração descoberta em 1559. Pois Bartolomeo pressentindo que a conspiração se alongava teria pressionado Pandolfo para que agisse rápido (80).
Teria o do nosso ramo, Felipe di
Giovanni Cavalcanti, participado destes episódios conspirativos que tanto
mobilizaram vários ramos de Cavalcanti, antes de vir fugido e assustado em 1560
para o Brasil?
Nestes episódios da “Conjuração Pucci
&Cavalcanti” mais de um ramo Cavalcanti se envolveu objetivamente ou foi
envolvido: o de Stolto di Tomasso Cavalcanti, com seu pai Tomasso e seu irmão Francesco,
já falecido; e o ramo entusiasticamente republicano representado por Bartolomeo
di Mainardo Cavalcanti, indiretamente seu filho Giovanni e certamente sua filha
Lucrecia na corte francesa.
Não sabemos se Filippo di Giovanni
Cavalcanti, do nosso ramo brasileiro, se envolveu diretamente neste episódio
conspirativo de 1559, ou apenas sabia do que se tramava, indiretamente, por
seus parentes. Talvez seja necessário pesquisar ainda mais fundo (81).
Documentos sobre suas atividades na Europa até os trinta e três anos são
completamente desconhecidas da historiografia, apenas documentada sua passagem
por Portugal antes de embarcar para o Brasil.
Entretanto, cremos que no mínimo Filippo
já experiente, ao passar a Portugal em 1558 se contatou com seus parentes e teve
conhecimento dos fatos ocorridos em Florença, pois teria convivido com Tomasso
Cavalcanti, atuante banqueiro com seu pai na corte inglesa, e possivelmente se
relacionado com seus filhos.
Sobretudo
devemos lembrar que Guido di Giovanni Cavalcanti, o irmão de Felipe, de família
já conhecida como “sdegnosa” dos Medici, pouco depois, em 1563, estará vindo da
Inglaterra para prestar serviços na corte francesa, ainda o maior núcleo de
conspiradores florentinos antimedici e, aparentemente, para dar continuidade à
luta republicana de Bartolomeo Cavalcanti por Florença.
Lembramos também fato de grande valor simbólico para a resistência republicana da Toscana: depois da derrota de Scannagallo, agosto de 1554, centenas de famílias sienenses haviam se juntado às forças do comandante ferido, Piero Strozzi, que se recuperava de ferimentos na fortaleza de Montalcino. Por quatro anos estas famílias, aí abrigadas pela celebre fortaleza haviam vivido e resistido pela liberdade, ordenando-se nas regras republicanas e populares da própria Siena. Mas, em 1559, teve fim “A República Popular de Siena Retirada para Montalcino”, sabemos hoje um episódio histórico significativo (82).
Com a paz de Cateau Cambrésis, entre França e Espanha, a região, agora, fora cedida, financeiramente, pelos espanhóis à Cosimo I.
E este estrutura, finalmente, seu tão desejado Grão-Ducado da Toscana.
Parte IV - Reações à preponderância Medici - fim do séc. XVI.
Na corte francesa, portanto, encontraremos a partir de 1563 o do nosso ramo Guido di Giovanni Cavalcanti, um dos filhos mais moços de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti (John Cavalcanti), em contexto histórico já ligeiramente diferente.
Nesta ocasião seu irmão mais velho Felipe já teria embarcado para o Brasil (1560), segundo a tradição oral da família registrada no Brasil, escapando de envolvimento em Florença na conspiração Pucci & Cavalcanti de 59 contra Cosimo I (83).
Guido di Giovanni Cavalcanti vinha da Inglaterra, onde havia tentado desenvolver atividades comerciais e diplomáticas informais como seu pai, e chegava à França pelo chamado de Catarina di Medici, trazendo cartas, em embaixada de pacificação, enviadas pela rainha Isabel I da Inglaterra (84).
Na corte francesa Guido, homem de toda confiança, como seu pai o fora de Leão X, percebido certamente como mais um “sdegnoso” Cavalcanti, vinha substituir seu parente Bartolomeo, foragido e falecido em Padua no fim do ano anterior, - braço direito da rainha francesa. Guido por algum tempo será “Maestro d`Ostello”, (85) chefe de hospedagem da corte de Catarina, possivelmente aí abrigando “fuoriuscitti”.
Guido Cavalcanti chegará a ser Conselheiro de Estado francês em 1572, auxiliando a representação diplomática francesa, e neste cargo certamente sabedor e envolvido nos fatos que narramos a seguir (86).
Senão vejamos:
No cume da divergência entre os membros da família Medici, e por que não dizer no cume da tragédia dos Medici, vamos ainda lembrar a conspiração que se segue à “Conspiração Pucci & Cavalcanti de 1559”, descoberta em Florença, quinze anos depois já em 23 de maio de 1575 e no poder Francisco I, filho de Cosimo I.
Em relação a esta “Conjuração Orácio Pucci & Ridolfi” nossa fonte literária (87) afirma que Catarina de Medicis não estaria mais a par dos novos planos conspirativos.
Entretanto, por nossas pesquisas observamos que em realidade Catarina de Medici se se mantinha atenta ao desenrolar dos acontecimentos em Florença, também envolvida com nosso parente Guido Cavalcanti por suas funções como Conselheiro de Estado, nestes episódios (88).
Na ocasião da descoberta da conspiração Pucci & Ridolfi, Cosimo já havia morrido, bem como sua mulher e vários de seus filhos falecidos ainda criança ou muito jovens (89).
Esta nova conspiração nos anos 70 teria sido liderada agora, em Florença, por Orácio Pucci e Piero Ridolfi. Estes dois jovens seriam parentes da sofrida e belíssima Virginia di Pandolfo Pucci Ridolfi, acima citada, filha de Pandolfo Pucci, enforcado pela participação na conspiração de 1559.
Orácio era filho de Pandolfo, meio irmão de Virgínia.
Piero Ridolfi possivelmente cunhado de Virgínia, neto de Contessina Medici, bisneto de Lourenzo, o Magnífico.
Talvez Piero desejasse o poder, a volta da Republica, enquanto Orácio, possivelmente vingança pelo enforcamento de seu pai. Um objetivo comum: o assassinato dos filhos já adultos de Cosimo I.
A cidade de Florença depois da morte de Cosimo se agitara em distúrbios, duelos e conflitos armados, que potencialmente ameaçavam a segurança e o poder dos Medici. Conflitos expontâneos ou preparados não sabemos, mas certamente oportunos políticamente para os contestadores.
Fato sugestivo: num destes tumultos, talvez em verdade um saque seguido de morte, teria se envolvido o jovem da nossa família ampla, Nicolò di Bastiano Cavalcanti, detido com outros (90).
Por comentários que chegavam a Roma e a influência do cardeal Ferdinando, irmão de Francisco I, em Florença procurou-se então, preventivamente, descobrir possíveis planos conspirativos que, sabia-se, incluíam a morte dos filhos adultos de Cosimo I: Don Piero, Francisco I e Don Fernando. Estes seriam mortos na saída de uma festa ou de um prostíbulo, talvez alcançados por arcabuzes ou envenenados por dardos.
O jovem Orácio Pucci quando detido tentou mesmo suicidar-se, demonstrando logo sua culpa - decapitado em 27 de agosto de 1575. Seus dois outros irmãos, Alessandro e Emílio Pucci, também filhos de Pandolfo, terão posteriores mortes suspeitas por envenenamento e assassinato (91).
O jovem Niccolo di Bastiano Cavalcanti julgado e tido como líder do episódio de saque foi enforcado publicamente como ladrão em 10 de outubro de 1575.
O enforcamento deste Cavalcanti como ladrão, não podemos deixar de observar, deve ter dado grande satisfação aos filhos de Cosimo, que assim se vingavam definitivamente de família tão pertinaz (92).
Pela historiadora Caroline Murphy sabemos, além do mais, que um banqueiro da família Cavalcanti em 1562 tivera em mãos terras empenhadas pelo genro de Cosimo I, Paolo Giordano Orsini, esposo de Isabelle, terras que ele, Cosimo, desejava muito e conseguira retomar das mãos desse Cavalcanti - tudo indica os Cavalcanti rivais preferenciais (93).
Serão incriminados na conspiração cerca de vinte cidadãos de famílias de renome, entre eles cinco jovens membros da família Capponi, de vários ramos.
Os Capponi que de longa trajetória de questionamentos haviam participado como liderança do governo de Savanarola e da República de 1527/30, quando Nicolo Capponi, republicano decidido, mas não radical, havia sido apoiado pelos Medici–Strozzi, pois cunhado de Filippo Strozzi (94). Além dos jovens Capponi outros foragidos foram terrivelmente caçados por toda a Europa para que pudessem ser punidos em público - decapitados em Florença nos anos 1577/78 ou ainda justiçados por sicários no estrangeiro, muitos anos depois do episódio em causa (95)
Os Ridolfi, tradicional família de banqueiros nobilitados, inicialmente haviam sido aliados dos Medici, mas eram agora críticos ao seu comportamento prepotente. O cardeal Nicolo Ridolfi (1501-1550), tio de Piero, já apoiara a família Strozzi por volta de 37, tendo mesmo encomendado o famoso busto de Brutus a Miguelangelo, símbolo do tiranicídio (96).
O jovem Piero Ridolfi pelo menos desde 71 colocava-se contra a tirania Medici. Piero Ridolfi participara da guarda de confiança de Francisco I, e o acompanhara à Roma para receber o título de grão–duque, em 70. Mas era, agora, acusado pelo cardeal Ferdinando de Medici de haver mandado, como seu tio, esculpir uma medalha em Roma que homenageava Brutus, símbolo de resistência republicana (97).
Este jovem Piero Medici–Ridolfi, neto de Contessina Medici, casado com Madalena Salviati, em 1575 recebera como dote o Palácio Incontri em consequência do justiçamento por Cosimo I de Alexandro Salviati, como traidor.
Comprometido por fim na conjuração, Piero Ridolfi havia conseguido fugir de Florença com o auxilio de cavalos e jóias que lhe fornecera a propria jovem cunhada de Francisco I, a jovem e imprudente Eleonora di Toledo Medici, casada com D. Piero (98).
Belíssima mulher, como punição por este seu comportamento imprudente, tido por seus irmãos como envolvimento indireto na conspiração, Eleonora foi estrangulada, em 10 de julho de 1576, pelo próprio marido, D. Piero, a mando de Fransisco I. Alegaram estes, como pretexto, sua ligação amorosa e pública com Bernardo Antinori. Suspeito e preso no mês anterior, Antinori já havia sido, na véspera do assassinato de Eleonora, interrogado, torturado e também estrangulado, em cárcere da fortaleza de Elba (99).
E fato ainda mais chocante: Isabella de Medici, filha querida de Cosimo I, a mais bela e fina flor da cultura renascentista foi também poucos dias depois, estrangulada por seu marido a mando de próprio irmão Francisco I. Foram alegados igualmente motivos “morais” para sua morte. Talvez, em verdade, sua morte fosse uma necessidade não só para justificar e aplacar a indignação da corte espanhola pela morte de Eleonora, mas também livrar seus irmãos de preocupações morais e de possível insubordinação política.
Isabella teria talvez previsto o perigo que ambas corriam quando percebeu, políticamente comprometidos, Antinori e Troilo Orsini, seu amante. Troilo Orsini ao se sentir politicamente desprestigiado pelos Medici, comprometido por auxilio prestado ao abrigar em sua casa o jovem da família contestadora dos Martelli, Oracio, precavido já havia saído de Florença, antes mesmo das mortes das moças Medici.
E neste episódio, surpreendentemente, surge ainda Catarina de Medici que teria mesmo tentado evitar a morte da jovem Isabella, por um recado sugerido que ela embarcasse em uma galera para Napolis. Mas foi tarde.
Troilo Orsini sempre muito prestigiado por Catarina de Medici, e provavelmente há muito a serviço do rei francês fora abrigar-se em sua corte, em Paris. Entretanto, mesmo aí foi alcançado e morto pelo tiro de arcabuz de um mercenário, já em novembro de 1577 (100).
Quase dois anos depois de eclodida a conspiração, em 6 de maio de 1577, dois outros conspiradores fugitivos alcançados terão ainda morte pública em “suplicio”, decapitados na Praça Santo Appolinario: Cosimo di Bernardo Rimeri e Ristoro di Ristoro Machiavelli - este bisneto do escritor Nicolò Machiavelli, de família já marcada por ação radical republicana. Suas cabeças foram colocadas em lança (101).
Membro de uma família também já famosa por ser “sdegnosa” com os Medici, Camillo di Pandolfo Martelli meses mais tarde foi também decapitado, sua cabeça igualmente colocada em lança em 15 de janeiro de 78 (102).
Tido como um dos líderes da conspiração Piero di Medici-Ridofi caçado por toda a Europa foi por fim alcançado na Germânia, em data imprecisa do ano de 1577, teria sido morto num cárcere de Florença, não sabemos se decapitado ou enforcado. (103)
Com a punição deste jovem Ridolfi, neto de uma Medici e de uma Strozzi, bisneto do trágico Filippo Strozzi e de Lourenço Magnífico, pivô da morte de duas belas moças Medici, pensamos ter chegado ao ápice da tragédia desta família.
Pensamos, também, ter alcançado o objetivo proposto pela nossa pesquisa e o fim do período de participação, aparente, dos nossos Cavalcanti na vida pública florentina.
Além de Troilo Orsini, vários outros conspiradores politicamente comprometidos foram perseguidos por toda a Europa, como os jovens da família Capponi.
Os Capponi, já símbolos de republicanismo, foram de maneira sistemática caçados por toda a Europa, ameaçados com ampolas de veneno e sicários, tentando se exilar na Polônia, França e, mesmo, na corte inglesa (104).
Em igual situação se encontrou Francesco Alamanni, descendente do poeta e estadista exilado Luigi Alamanni, que foi alcançado na França já em 1578, e assassinado. As mortes ocorridas na França provocaram protestos veementes de Catarina de Medici junto ao embaixador florentino (105).
Na Polônia mantinha–se, exilada ainda, colônia de florentinos republicanos das mais numerosas e expressivas, entre eles os Soderine que haviam participado na liderança da primeira Republica. (106)
O republicano Piero di Alessandro Capponi, após ter peregrinado por toda a Europa, da Polônia à Inglaterra, foi alcançado na França, ainda anos depois, já em 1582, aí também apunhalado. Bem-quisto pela rainha inglesa, Elizabeth I, Piero Capponi teria sido sepultado em Londres.
Os dois últimos Capponi teriam sido, ainda mais tarde, alcançados pelos sicários dos Medici. Ugoccione em 1597 e Ruperto di Piero Capponi, quando já oficialmente perdoado pelo governo de D. Fernando, em 1605 (107).
O arresto dos bens dos implicados, que se segue a descoberta desta conspiração, causará, agora, a desconfiança da população florentina (108).
As perseguições dos Medici prepotentes neste fim de século haviam sido, portanto, pertinazes e crúeis, capazes de intimidar o nosso Filippo Cavalcanti que, no mínimo, precavidamente se transportou para o Brasil. A família Cavalcanti, como um todo, destes episódios de enfrentamento contra os Medici, saíra física, moral e economicamente devastada.
Os Medici, de linha preponderante na
Toscana, haviam conseguido no séc. XVI sacrificar e exilar as famílias
tradicionais de Florença com eles aparentadas, indistintamente Acciaiuolli, Strozzi,
Salviati ou Cavalcanti e muitas mais que obstavam suas ambições políticas de
formação de um grão-ducado e, nos meados do século, optaram mesmo pela luta
armada republicana.
Sacrificaram os Medici também seus mais
fiéis colaboradores das famílias Pucci e Ridolfi, envolvidos em conspirações nos
anos 59 e 75.
Exemplarmente perseguiram, enforcaram, decapitaram e estrangularam vários membros divergentes da própria família Medici, inclusive de linha feminina, que lhes opunham, por fim, ainda resistência.
Inúmeros membros da família
Cavalcanti, de vários ramos, como acima constatamos, tiveram seus bens
arrestados, se exilaram, foram fugitivos, migrados, um refém, um decapitado,
outro finalmente enforcado.
E, até a capela Cavalcanti, dedicada a Maria Madalena na igreja de Santa Crocce, havia desaparecido no ano de 1563, destruída pelas obras de restauração realizadas por Cosimo nesta Igreja (109).
Parte V – Detalhes das conflituadas relações entre Medici X Cavalcanti no século XVI.
Para finalizar nossa análise, iremos detalhar as relações de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, do ramo que vem para o Brasil, com o seu protetor o cardeal Giovanni Medici, depois papa Leão X, visando analisar mais profundamente suas personalidades e confirmar, mais claramente, o envolvimento de nosso Giovanni com o movimento antimedici florentino.
Faremos o mesmo relativamenteàs relações entre Guido di Giovanni Cavalcanti e Catarina, de Medici, Rainha da França, tendo em vista observar o muito provável envolvimento político antimedici deste parente do nosso ramo, atuando apartir da corte francesa.
Procuraremos, igualmente, ressaltar o papel de Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, figura marcante para a causa republicana, suas boas relações com Catarina de Medici e sua conexão com o infeliz Stolto Cavalcanti, decapitado por Cosimo I depois da descoberta da Conspiração Pucci & Cavalcanti em 1559. O episódio comprometeu definitivamente os vários ramos de Cavalcanti e foi fator decisivo, a nosso ver, para a migração de nosso Filippo. Ao fim apresentaremos nossos comentários finais. Recordemos:
Giovanni di Lorenzo Cavalcanti (110) foi para a Inglaterra não sabemos se por circunstâncias políticas, mas objetivamente em 1509 já atuava como membro da casa comercial Bardi-Cavalcanti na corte de Henrique VIII sob a proteção do cardeal Giovanni Medici, também jovem apreciador de artes, fugitivo do governo de Savanariola, futuro Leão X. Sua transferência oportuna correspondeu ao período final da República de Savanarola quando objetos de Arte, belos quadros e ricos tecidos eram queimados em fogueiras pelas ruas, período de plena República em que parentes de outros ramos, Giovanni di Nicolo e Mainardo Cavalcanti, participavam como dirigentes e já se comprometiam politicamente frente aos Medici, banqueiros novos e prepotentes.
Naquele ano o conflito com o papado parecia iminente. Teriam seus pais querido afastá-lo de ambiente violento e perigoso para um jovem, prevendo enfrentamentos ou o aliciamento político de seus parentes? Ou teria sido mera necessidade econômica da família? É certo que Giovanni desde o ano anterior estava já sob a proteção deste Cardeal Giovanni Medici em Roma, um Medici contemporizador, simpático à elite florentina, que protegeu o nosso Giovanni para melhor influir na corte inglesa, visando seus interesses familiares Medici.
Repetimos que o estabelecimento de Giovanni di Lorenzo, filho primogênito, por tão longo período nesta corte inglesa não nos parece fato natural, dada os acontecimentos políticos na conflituada Florença. O que teria feito permanecer este jovem nobre e culto trabalhando tanto tempo longe de sua cidade natal, exercendo o “metier” de mercador de arte e jóias, projetando monumentos públicos para Henrique VIII, defendendo os interesses deste cardeal Medici que, em 1513 foi elevado a papa, e por sua extrema confiança o nomeia seu “cubiculari”?
A partir desta ocasião Giovanni recebe também do governo inglês um visto de permanência que lhe permite atuar quase abertamente como diplomata nesta corte.
A nosso ver Giovanni estaria em verdade num disfarçado auto-exílio, suas atividades papais junto a Henrique VIII uma oportuna medida de precaução e segurança contra possíveis retalhações políticas ou aliciamentos de seus parentes contestadores em Florença.
Já em 1519 lembramos Jacobo Cavalcanti, um seu parente, por fazer acesas reivindicações em “performance” antimedici, havia sido punido.
Em 1520 Giovanni di Lorenzo ainda na Inglaterra recebe um acrescentamento de armas em seu brazão de nobreza, por serviços prestados ao rei Henrique VIII, de quem gozara toda simpatia.
Entretanto, logo em seguida, em 1521, Giovanni perde a proteção pessoal do papa Leão X por sua morte.
Giovanni volta à Florença para casar-se e ter seus dois primeiros filhos, Felipe e Schiata, entre 1525/27, período calmo na cidade. Mas já em 23 sua firma em Londres está sendo inventariada pelo cardeal Giulio Medici, o novo Medici prepotente no poder.
Por fim, seus bens em Florença foram arrestados nas proximidades dos anos 1528, não sabemos exatamente por que e em que circunstãncias. Falecido seu amigo protetor e papa, pretendeu então Giovanni Cavalcanti o auxilio do rei Henrique VIII. A resposta deste rei foi extremamente amistosa e mesmo promissora, mas não sabemos se teria sido conclusiva (111).
Sabemos que já desde 1525 Clarice Medici-Strozzi estava também insatisfeita com seus próprios parentes Medici. Em maio de 27 ela manifestara-se de modo veemente e publico contra os prepostos de Clemente VII, chegando a partir daí a atuar com seu marido a favor do partido antimedici.
Nosso Giovanni Cavalcanti que sempre se portara de modo cauteloso e conservador, a que tudo indica em abril de 1527 toma em Florença suas primeiras atitudes políticas claras, abertamente antimedici, pleiteando a volta da constituição de 1512. Em seguida apóia a nova Republica instalada e sai decisivamente em auxilio aos seus parentes Cavalcanti de outros ramos, Mainardo Cavalcanti e o seu filho, o jovem Bartolomeo, usando didaticamente, como era prática da época, a sua atividade de mercador de artes - exportando quadros de simbolismo antimedici, procurando atrair como mecenas o apoio de Henrique VIII para a causa Republicana de sua cidade (112).
Entretanto, com a rendição de Florença e a volta ao poder dos Medici prepotentes, Giovanni retorna à Inglaterra nas proximidades dos anos 1531/32, novamente buscando a proteção de Henrique VIII, temeroso das retaliações dos Medici e da situação política na cidade - podemos mesmo dizer agora, já em claro auto-exílio. A família Cavalcanti, como um todo saíra definitivamente comprometida frente aos Medici pelo apoio dado a esta nova experiência Republicana, que no fim se tornou bastante radicalizada.
Em 32 o jovem Bartolomeo Cavalcanti, este francamente republicano, deixava também Florença em auto-exílio.
Sabemos que Giovanni consegue com Bartolomeo a colocação de um filho seu no cortejo das bodas de Catarina de Medici em Marselha. E seguirão juntos, neste cortejo, a filha de Bartolomeo, Lucrecia, e pequeno filho de Giovanni. A íntima colaboração entre os ramos Cavalcanti a partir de agora parecia inevitável - parentes aproximados pela luta radical e política.
Giovanni já neste mesmo ano é encontrado negociando novamente na firma Bardi–Cavalcanti de Londres, auto-exilado definitivamente, trazendo seus outros dois filhinhos e depois a esposa e uma filhinha. Na Inglaterra irá permanecer até seu falecimento em 1542 (113).
Quanto ao cardeal Giovanni Medici, papa Leão X (1475-1521), vamos acrescentar ainda algumas breves informações, relativas à família Cavalcanti e sugestivas de sua personalidade (114).
Nos momentos iniciais da Republica de Savanarola, durante os ataques a casa dos Medici em 1494 este filho de Lorenzo Magnífico tivera de fugir de Florença, adolescente, mas já cardeal, vestido como um frade dominicano.
Esteve exilado em vários países. Mas por volta de 1509 com uns trinta e quatro anos, o cardeal Giovanni Medici passa a atuar com o nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, seu protegido de uns vinte e nove estabelecido como comerciante na Inglaterra, homem de sua extrema confiança, como ele próprio um “expert” em artes, e o torna ponta de lança dos seus interesses, visando atrair especialmente por suas atividades artísticas e de mecenato a simpatia de Henrique VIII para causa dos Medici.
Giovanni Medici, ainda cardeal, pelas forças militares do papa Júlio II participará pouco depois do terrível saque da cidade de Prato, campanha que visava coibir a desobediência religiosa em Pisa e que auxiliou a desestabilizar a primeira Republica de Florença, em 1512. Em seguida, com habilidade, coloca seu irmão Giuliano, novamente um Medici, no governo da cidade.
Giovanni Medici, contemporizador, entre 1512 e 1513 teria mesmo tentado atrair os Mainardo Cavalcanti para a esfera Medici com encomendas de seda (115).
Eleito papa em 1513 elevara o nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, seu amigo íntimo e “gentleman usher”, defensor de seus interesses na corte de Londres, a seu “cubiculari’ - seu “camaliere segreto papal”.
Depois da sua posse como papa, Leão X, havia também indultado os presos políticos republicanos de Florença entre eles Nicolò Maquiavelli - o depois famoso autor de “O Príncipe” - que havia participado ativamente do segundo momento da República (1498-1512) com atuação por fim importante no incentivo à formação de uma milícia para a cidade.
Nicolò Maquiavelli chegara a pretender uma segunda vez a proteção política e compreensiva deste papa Leão X, pois em 1513 foi novamente preso e desta vez torturado, talvez injustamente, incriminado em nova conspiração contra os Medici.
Maquiavel talvez imaginasse que este papa Medici fosse mais sensível à causa dos republicanos, como seus parentes do ramo Pierfrancesco. O episódio em que Nicolò Machiavelli tenta um novo apoio, episódio do qual o nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti como “gentleman usher” indiretamente também participou negando o acesso do emissário de Machiavelli ao recém escolhido papa Leão X é detalhadamente relatado pela historiadora Cinzia M. Sicca (116).
Leão X, depois da morte de seu irmão Giuliano em 1516, sugere ao seu sobrinho Lorenzo um governo moderado em relação à elite florentina, mas militarista em relação à Urbino. Depois da morte de Lorenzo II, quando a situação na cidade parece ainda pouco simpática aos Medici, preocupa-se e protege as crianças de sua família e a pequena Catarina entregando–as em confiança ao casal Clarice Medici-Filippo Strozzi.
Leão X foi auxiliado, financeiramente, durante todo o seu papado por este banqueiro Filippo Stozzi, cuja família sabemos em principio não apoiava as prepotências dos Medici desde séculos anteriores, mas que casou com sua sobrinha, Clarice, irmã de Lorenzo II, ainda em 1508, durante o 1º período da Republica. Clarice era moça rica, mas discreta, cujo estilo agradou aos florentinos republicanos que a receberam com simpatia (117).
Com a morte do tenaz, mas habilidoso e contemporizador papa Leão X, Clarice, Filippo Strozzi e seus filhos, mesmo sua sobrinha-neta Catarina de Medici e também os Cavalcanti do nosso ramo irão entrar em rota de colisão definitiva contra Giulio Medici e seus sucessores, extremamente prepotentes no poder de Florença.
Filho do acima descrito Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, as relações de Guido di Giovanni Cavalcanti com a corte francesa, especialmente com Catarina de Medici, Rainha da França merecem também detalhamento particular, sobretudo visando entender a problemática política familiar dos Cavalcanti (118).
Guido era um dos filhos mais moços do nosso culto e nobilitado Giovanni di Lorenzo que, como observamos acima, serviu fielmente ao papa Medici, Leão X, e acabou falecendo em autoexílio na Inglaterra em 1542.
Guido fora criado provavelmente neste país freqüentando a corte inglesa.
Possivelmente, com os seus outros irmãos mais velhos, Filippo e Schiatta, jovem adolescente teria convivido com o muito poderoso banqueiro Tommaso di Francesco Cavalcanti do ramo “Ciampolo” da família, que talvez também buscasse proteção nesta corte. No ano 1544, Tomasso foi o maior credor de Henrique VIII, companheiro de negócios de seu pai. Entretanto, Tomasso mais adiante terá um filho seu, Francesco, tragicamente assassinado em Florença e outro filho, Stolto, decapitado, por participação ativa na conspiração Pucci &Cavalcanti, descoberta pelos Medici em 1559, conspiração em que se tramou a morte de Cosimo I.
Guido e Schiatta haviam se mantido protegidos da política repressiva dos Medici depois da morte do pai, permanecendo na Inglaterra. E em 46, chegaram a receber, até mesmo, nova licença para a Bardi-Cavalcanti continuar negociando obras de arte e jóias em Londres.
Entretanto, o irmão mais velho Filippo, não é mencionado nesta nova negociação da Bardi-Cavalcanti e não sabemos dele nenhuma notícia. Onde teria permanecido depois da morte do chefe da família, bem como sua mãe Ginerva, provavelmente uma irmã e um possível outro irmão, bem mais moço Giovanni. Há indícios de que a matriarca Ginevra Manelli ou, pelo menos, a outra filha tivessem voltado à Florença, não sabemos em que época (119).
Temos apenas conhecimento de que Filippo, filho primogênito, já com uns trinta e três anos, passou mais tarde pela Espanha e pela corte portuguesa em 1558, e por fontes orais familiares teria vindo de Florença. Segundo estas insistentes fontes orais familiares, Filippo estaria envolvido ou era, no mínimo era conhecedor dos planos conspirativos Pucci & Cavalcanti em Florença. Conseguindo oportunamente uma confirmação de sua nobreza em Florença (em agosto) antes da eclosão da conspiração (em outubro) embarcou inseguro e apressado para o Brasil, em 1560. Segundo as fontes orais registradas pela historiografia brasileira, Filippo estaria politicamente comprometido e receoso das cruéis perseguições dos Medici que se seguiriam à descoberta da conspiração Pucci & Cavalcanti em outubro de 59 liderada na península italiana por seu parente Bartolomeo, na qual Stolto Cavalcanti, de sua pórpria geração, fora decapitado.
Na Inglaterra, seus irmãos Guido e Schiatta ainda tentavam continuar a realizar tarefas comerciais e diplomáticas informais para corte inglesa, como o próprio pai deles aí realizara. Em 1559, uma destas intervenções diplomáticas dos dois irmãos, que contribui para pacificação entre a França e a Inglaterra, foi mesmo reconhecida, financeiramente, pela rainha inglesa.
Afirma a historiadora Julia de Lacy Mann sobre Guido Cavalcanti : “The queen of England was so pleased whith his services at Cateu-Cambrésis that she granted him the rare gift of a life pension, which in 1563 he was seeking to have increased.” (120)
Não conseguindo, entretanto, mais benefícios econômicos por suas atividades de diplomata informal na corte inglesa, Guido Cavalcanti, já com necessidades econômicas teria sido oportunamente convocado para a corte francesa da rainha Catarina de Medici. Foi então enviado de Londres em 1563 por Elisabeth I, em missão diplomática e cartas de pacificação para a França. Entretanto, já desde o ano anterior, ao que tudo indica, Guido prestava serviços para o rei francês (121).
É provável que Lucrécia Cavalcanti, dama de honra da rainha francesa e filha de Bartolomeo Cavalcanti, já muito influente nesta corte em assuntos florentinos tivesse interferido junto à própria rainha Catarina para a convocação de Guido e sua transferência para a França. Ainda criança, Lucrecia havia convivido, no cortejo do casamento de Catarina com um dos filhos pequenos do nosso Giovanni di Lorenzo - o próprio Guido (como repetem sistematicamente fontes secundárias), ou mesmo (em outra hipótese) seu irmão Filippo (122).
Em 1563 também Schiatta, o segundo filho de Giovanni di Lorenzo, irmão de Guido deixou a Inglaterra e estará em Antuérpia, associado a negócios ligados ao refino de sal e à duquesa Marguerite de Parma (123).
Guido Cavalcanti a partir deste mesmo ano permanecerá definitivamente exilado na corte francesa, inicialmente no cargo de Maestro d’Ostello (Maitre d´Hotel), abrigando com certeza os inúmeros “fuoriuscitti” florentinos, aí também exilados.
Só poderemos compreender a função de extrema confiança que Guido Cavalcnti vem a alcançar posteriormente na corte francesa se tivermos sido capazes de entender os sentimentos maiores desta Rainha, uma Medici simpática às causas republicanas florentinas, sempre em conflito contra seus parentes prepotentes em Florença. Lembramos também que o pai de Guido, nosso Giovanni di Lorenzo Cavalcanti fora de extrema confiança e igualmente protegido pelo tio-avô de Catarina, o papa Leão X. E, somente depois da sua morte Giovanni di Lorenzo se posicionara contra a prepotência desta família em Florença.
Além do mais, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, nosso parente do ramo “Cavallereschi", que a rainha sempre acolhera e prestigiara em sua corte, apoiando sua franca e decidida luta republicana havia morrido em 1562, refugiado em Pádua depois da descoberta da Conspiração Pucci & Cavalcanti, tentando ainda ludibriar a perseguição de Cosme I.
Catarina de Medici sentia, certamente, a necessidade de ter perto de si um novo Cavalcanti, família florentina já conhecida por ser “sdegnosa”, desdenhosa, com seus parentes Medici extremamente prepotentes.
A partir de 1572 Guido di Giovanni Cavalcanti com suas habilidades de diplomata informal, função que desde muito jovem a exemplo de seu pai exercera na Inglaterra, será elevado a Conselheiro Real, colaborando com a diplomacia francesa relativa à Florença - não sabemos em que medida ainda envolvido nos negócios de Estado e assuntos conspiratórios florentinos desta rainha, contra seus parentes Medici na Toscana (124).
Sempre muito bem recebido na corte, com
prestigio ressaltado, Guido Cavalcanti foi também aí reconhecido como poeta - o
segundo poeta Guido da família (125).
Comenta o historiador literário: “The
Cavalcanti reappear now and then in later european history: and especially we
hear of a second Guido Cavalcanti, who also cultived poetry and travelled to
collect books for the Anbrosian Library” (126).
Quanto às relações de fidelidade e afeto entre Catarina de Medici, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti e sua filha Lucrecia muito falta acrescentar (127).
O reconhecimento de Catarina aos Mainardo Cavalcanti, pai e filho, é assunto ainda a esclarecer, com detalhes.
Em sua luta pela Republica, sem adjetivos, Bartolomeo foi desde 1533 apoiado por esta Rainha, que o escolheu seu representante em Siena, soube da situação difícil de seu filho Giovanni refém de Cosimo I e deu, por fim, seu aval para as últimas, desesperadas e certamente vingativas conspirações de Bartolomeo, pretendendo ainda explodir o poderoso duque da Toscana.
Catarina certamente com este objetivo recebeu com igual gentileza em sua corte o jovem e sofisticado filho do banqueiro Tomasso, Stolto Cavalcanti.
Deve ter, sinceramente, lamentado a morte trágica deste tão jovem Cavalcanti decapitado e o fim inglório do próprio Bartolomeo, foragido.
Mas ainda tenaz, necessitando ter ao seu lado sempre um experiente colaborador, convocou um terceiro Cavalcanti, “sdenoso” antimedici do nosso ramo, o jovem Guido, que ao contrario do seu infeliz jovem parente, Nicolò di Bastiano Cavalcanti degolado no período de repressão à conspiração Pucci & Ridolfi de 1575, teve melhor sorte, e foi por ela sempre extremamente prestigiado.
Cremos que a visita de Catarina de
Medici em 1564 ao ”Grand Chateau du Perron”, residência de Lucrecia Cavalcanti,
homenageando esta sua dama de honra após a morte de seu pai Bartolomeo (dezembro
de 1562) nos dará a medida desta amizade e do reconhecimento garantido por esta
rainha aos Cavalcanti, especialmente à descendência francesa de Bartolomeo (128).
Não merecesse Bartolomeo Cavalcanti, igualmente, a lembrança da própria família Cavalcanti e o reconhecimento de gerações de republicanos.
Parte VI - Conclusão
Concluímos que as relações familiares entre os
vários ramos de Cavalcanti inicialmente não tão convergentes, aos poucos pela
necessidade do enfrentamento comum antimedici, se tornaram cada vez mais solidárias.
Este fato indica e encaminha a participação,
colaboração e comprometimento de Cavalcanti de vários ramos: Stolto (Ciampolo),
Bartolomeo (Cavallereschi), e possivelmente do nosso Filippo (dois Cavalleschi)
nos episódios conspirativos saídos da corte de Catarina que eclodem em Florença
em 1559 e, não sem motivo, tomam mesmo a denominação Conspiração Pucci & Cavalcanti.
Pouco
depois, em 1563, o do nosso ramo Guido, irmão de Felipe, um novo Cavalcanti
estará em cargo de confiança na corte francesa, já falecido o tenaz conspirador
da família ampla, Bartolomeo Cavalcanti.
Também o ultimo irmão, Giovanni di Giovanni, recentemente identificado também estará comprovadamente envolvido nas ultimas conspirações da década de 70 contra so Médici (ver recentes trabalhos da autora “Giovanni di Giovanni Cavalcanti” e “Academia del Piano”, editados no seu blog).
Acreditamos que Felipe di Giovanni Cavalcanti de uns trinta e três anos, irmão de Guido e Schiatta, primogênito de família nobre e prestigiada, já tida como “sdegnosa”, indignada com os Medici enquanto ainda na Europa tenha sabido ou mesmo se envolvido nas conspirações em que atuavam intensamente seus parentes Bartolomeo Cavalcanti e Stolto Cavalcanti. Felipe, com a morte de Stolto talvez em realidade temesse por participação conspirativa direta ou mesmo indireta, pela simples convivência com seus parentes, os “longos braços” punitivos de Cosimo I e deles tivesse procurado escapar...
O momento da saída de Felipe de Portugal – 1560 - coincide com o fim da República de Montalcino e a decapitação de Stolto Cavalcanti, comprometido e detido na conspiração eclodida em Florença em outubro de 1559. Cosimo ainda à caça dos demais envolvidos. Filippo Cavalcanti se apenas sabedor da trama, já estaria comprometido como traidor. A possibilidade de sua saída de Florença antes de eclodir a conspiração teria sido possível pelo fato de Bartolomeo perceber que ela já se alongava. Assim sendo, seriam confirmadas as informações familiares orais de cronistas e mesmo da historiográfia brasileira que indicam a vinda de Felipe para o Brasil referida à conspiração Pucci & Cavalcanti contra Cosimo I - tendo Cosimo assinado a carta reafirmando sua nobreza em agosto de 1559, pouco antes, portanto, da descoberta da conspiração (outubro) (129).
Constatamos que o nosso ramo Cavalcanti
para cá migrado através de Filippo manteve na Europa- especialmente por Bartolomeo
di Mainardo Cavalcanti, pertinaz republicano do ramo Cavallereschi, - uma
estreita relação de amizade no século XVI com o lado dos Medici mais liberais
ou de tendências “popolanas”, herdadas dos Pierfrancisco.
Esta simpatia se percebe inicialmente pelo cardeal Giovanni, Papa Leão X, durante os anos 1509 até 1521, ano de sua morte. Numa segunda geração esta “simpatia popolana” parece representada por Clarice que apóia abertamente a Republica em 1527 e, ainda mais tarde, por Catarina Médici, Rainha da França, que apesar de suas traumáticas experiências no segundo período republicano, recebe Bartolomeu di Mainardo Cavalcanti em sua corte, assume suas relações de amizade com os Medici-Strozzi, apoia republicanos ‘fuoriusciti’, bem como reafirma até as ultimas conseqüências suas diferenças pessoais e políticas com Cosimo I.
Clarice Medici-Strozzi envolvera-se pela República, em Florença. Seu marido sacrificado, seus descendentes em luta republicana aberta em Montemurlo e pelo menos um deles, Piero, morto pela República de Siena em 54/55.
Um Medici–Salviati, o muito jovem Alessandro,
preferiu morrer a se retratar ante Cosimo I depois das lutas de Siena.
E Lorenzo di Iacobo Medici decapitado por participar da conjuração Pucci & Cavalcanti.
Catarina de Medici acolheu em sua corte francesa desde 1563 nosso Guido Cavalcanti, tornado anos depois, em 1572, seu Conselheiro de Estado. Supomos poderiam ambos, Catarina e Guido, estar cientes e acompanhando as conspirações descobertas em Florença nos anos 70 (130). Por envolvimento republicano consciente, nesta ultima conspiração de 1575 foi punido mais um Medici, agora Piero Medici-Ridolfi, descendente de Contessina, filha de Lourenço Magnífico - os numerosos bens de sua família igualmente arrestados.
Também as moças Medici, Isabella e Eleonora de Toledo terão fins trágicos, enfrentando as conseqüências de suas simpatias políticas e afetivas.
Henrique VIII e Isabel I que acolheram os do nosso ramo Cavalcanti em suas cortes na Inglaterra parecem ter sido também muito compreensivos com os florentinos em decidida luta republicana, especialmente frente aos Capponi, de linha mais radical (131).
Verificamos que os membros da família Medici como um todo, pretendendo exercer um nível de poder na Toscana, em Roma, e mesmo Catarina na França - poder decisivo talvez para as grandes transformações sociais e políticas do seu tempo, formação embrionária dos estados nacionais - haviam conseguido tornar suas relações familiares um completo descalabro, com linhas políticas e afetivas completamente cruzadas, em difícil exercício de análise do que é necessariamente privado e do que é político. As decisões de vida ou morte são tomadas, dificilmente sabemos se por motivos de inveja, raiva ou ódio parentais ou por necessidade de manter o poder político de seus estados a qualquer preço.
As divergências políticas internas
dos Medici, entre “populanos” e ”não populanos”, ”prepotentes ou absolutos”, relativas
à tradicional experiência política republicana de sua cidade natal, Florença,
são cruciais para o desenvolvimento de análises históricas, inclusive as
referentes à família Cavalcanti, na Itália ou no Brasil, bem como para o melhor
conhecimento da razão de migração, talvez, de outras famílias florentinas da
Europa nos fins do século XVI. Sugerimos nesta mesma situação, acossadas pela
situação política e pelos Medici preponderantes, tornados grão–duques na
Toscana, não só os Cavalcanti, mas desde já os Salviati, Aciaiuoili e Manelli (132).
Especialmente os Cavalcanti, ramo tão bem plantado no Brasil, linhagem continuada e hoje tão numerosa, tornaram-se aqui símbolo de luta contra tiranias, de persistência e valores culturais.
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Sugerimos finalmente que as personalidades de Catarina de Medici, Leão X, Felipe Strozzi, Bartolomeo Cavalcanti, Cosme I, Eleonora de Toledo e Isabelle Medici, personagens trágicas culminantes, mereceriam biografias novas que revelem sutilezas psicológicas e conseqüentemente políticas ainda não desveladas no jogo do tabuleiro toscano e francês do século XVI.
Podemos sugerir que estas personalidades tão marcantes não tivessem percepção suficientemente ampla, capaz de antever os desafios criados pela modernidade, e assim tivessem caído presas em armadilhas de comportamento arcaico.
A historiografia critica Leão X por não ter antevisto a gravidade dos problemas de contestação religiosa protestante, de profundo cunho social. O mesmo poderia ser afirmado sobre Catarina da França, que parente dos papas Medici, pode ter subestimado as questões religiosas na França, percebidas inicialmente como questões meramente políticas e não sociais, permitindo que a situação acabasse desaguando em matanças cruéis. Ambos estariam, talvez, ainda ligados a valores tradicionais e familiares, padrões medievais de respeito religioso ao papado que agora começavam a ser questionados socialmente, de maneira inédita.
Mesmo um banqueiro experiente como Felipe Strozzi, de ligações íntimas com Roma e o papado, mas desejoso de conviver com as instituições republicanas centenárias de sua própria cidade, Florença, teria de lidar com questões novas – o sentimento nacionalista que envolve o surgimento dos estados nacionais e obsta qualquer tipo de auxilio externo nos conflitos pela defesa da República florentina, auxilio agora tido como traição. Este o caso também da dilacerada Siena, em que os banqueiros florentinos comprometeram milhões de florins, a vida de seus filhos igualmente posta em jogo pela República com o auxílio francês, episódio interpretado por Cosimo como ato de traição (133).
Cosimo I seria das personagens trágicas e culminantes a de maior visão, maior “virtù”, como queria nosso lúcido personagem Maquiavel? Cosimo estruturava, protegia militarmente e aumentava seu Ducado Toscano, lidando com o imperador Carlos V comprado a peso de ouro - por fim ele mesmo perdido nos seus próprios conflitos familiares e sofrimentos pessoais, temeroso de ser morto por traição, a perda dos seus filhos lhe parecendo suspeita (134).
Não me parece que sua extrema disciplina racional e preventiva contra complôs e conspirações, a criação sistemática de desafetos parentais, inimigos políticos dentro de sua própria família, punições familiares exemplares levadas às ultimas conseqüências fosse esse o único e melhor caminho. Talvez com seu exacerbado militarismo não tivesse percebido ser ele mesmo fruto de uma política de aliança e congraçamento, prática comum e medieval - clans criando laços favoráveis à pacificação, tradições perigosas de serem desafiadas já com tanta radicalidade.
Igualmente as jovens belas e muito cultas moças Medici vítimas de uma política familiar levada ao extremo, ainda não preparadas para o difícil jogo político que então se colocava já para o sexo feminino, a exemplo de Catarina de Medici na França e Elizabeth I na Inglaterra.
A luta precursora e inglória de Bartolomeo Cavalcanti pela Republica só agora é tida como historicamente relevante, faltando sobre ele até hoje pesquisa mais conseqüente e definitiva.
A prática do arresto de bens foi ao fim do século desmoralizada como cupidez do estado. Mas a jovem elite florentina empreendedora, renascentista, culta e ilustrada já estará longe, espalhada em cortes estranhas e, mesmo, regiões longínquas - quanto mais longe mais segura...
A experiência da República Florentina tão longeva, avalizada pelos primeiros consules Cavalcanti levara um século para ser destruída. Republica que nos parece hoje como algo ainda desejável, um acúmulo de experiência enriquecedora que, sendo martirizada, retorna simbolicamente.
Notas
(1) No sentido factual, a obra de Nicolau Maquiavel, História de Florença, é clássica. Se bem pretenda louvar os Medici, em suas entrelinhas é bastante critica e detalhada. Será até o período de Lourenço, o Magnífico, nossa melhor fonte de informação, que acredito possa ainda ser acrescida por outros trabalhos. Usamos a 2ª edição Musa, 1998.
(2) Torres, Rosa Sampaio – artigo “Cavalcantis em Florença”, editado em www.rosasampaiotorresblogspot.com /
(3) Para a compreensão ampla da política externa da Toscana no século XVI, consultar Garcia, Eladi Romero - artigo “La Toscana em Tiempos de Cosme I (1519-1574) - Analisis Bibligrafico”, PDF. O autor organiza ampla bibliografia.
(4) Maquiavel, Nicolau - opus cit.,
capitulo III.
(5) Holmes, G.A. - “Florentine Merchants in
England, 1346-1436”, The economic Review,
New Series, Vol 13, No.2 (1960) pg.163.
(6) A lista das famílias insatisfeitas com a preponderância dos Medici no séc. XV é longa:
Desde 1396 os Acciaiuoli vinham contestando os Medici. Donato di Iacobo Acciaioli quase condenado à morte foi confinado em Barletta, conforme Maquiavel, Nicolau - opus cit., pg. 179, e ”Full Text of the Cambridge Modern History”, ed. Eletrônica. Também Albuquerque, Cássia e Cavalcanti, Marcelo Bezerra e Doria, Francisco Antonio – Cavalcantis: na Itália e no Brasil - Ed. eletrônica on line, 2010, pg. 20.
Zanobio Acciaiuolli esteve na assembléia que determinou o exílio de Cosme, o Velho em 1433, e teve seu bens arrestados. Doria, Francisco Antonio - tabela genealógica Acciaiuoli 1, pdf.
Palla di Noferi Strozzi nos anos 1433/34, com outros, tramou o golpe que prendeu e exilou Cosme, o Velho. Humanista e mecenas, com a volta de Cosme, Palla aborreceu-se com sua cidade e não mais voltou, sabemos que foi para Pádua, originando outros ramos genealógicos pela península italiana. Maquiavel, Nicolau - opus cit., pg. 225.
Os Cavalcanti - Domenico, Jacopo e Cante di Antonio - haviam estado contra Cosmo, o Velho, com Ormanno e Rinaldo degli Albizzi. Cavalcanti, Sylvio Umberto - Se Chiamavano Cavalcanti - ed. eletrônica on line, ano 1433, citando como fonte Giovanni Cavalcanti, Storie Florentine. Tipografia all insegne di Dante, 1838, Firenze.
Rinaldo degli Albizzi foi para Nápoles e também não voltou mais. Maquiavel, Nicolau – opus cit., pg.225.
Os Strozzi teriam ido, também, para Nápolis e Lion.
(7) Maquiavel, Nicolau - opus cit, pg. 225.
(8) De Lion voltou rico o banqueiro Felipe Strozzi - o Velho - para refazer em Florença sua casa, o Pallazzo Strozzi, em maiores dimensões que o dos Medici. Este palácio começado a construir em 1489 foi terminado com esforços econômicos por sua viúva Selvaggia e depois por seus filhos, inclusive Filippo Strozzi - o Novo – de maneira ainda precária em 1537. No mesmo ano, porém, ele será confiscado por Colimo I após os episódios contestadores e trágicos lideradas pela família Strozzi em Montemurlo. O palácio foi devolvido, pelos Medici, somente trinta anos depois. Suas cornijas incompletas até hoje, simbolicamente, ainda assim se apresentam. Usamos fontes variadas inclusive “Palazzo Strozzi”, mídia eletônica.
(9) Cavalcanti, Giovanni – Istorie Florentine, vol.II, Tipografia all insegne di Dante, 1838, Firenze. Napolitano, Giovanni Cavalcanti escreveu sua “História de Florença” nos anos 1440.
Mello, Evaldo Cabral -“Um imenso Portugal: História e Historiografia”, Ed.34, 2002, pg.159, afirma: ”Giovanni Cavalcanti descrevera o regime de Florença em termos de um processo de degeneração das instituições republicanas o qual consistiria na substituição do sistema de relações políticas entre cidadãos, único capaz de garantir seu funcionamento virtuoso, por relações privadas de clientelismo e dependência que levavam inevitavelmente ao despotismo. Não fora outra a técnica de Cosmo, o Velho para se manter no poder, que não exerceu diretamente, mas manipulavam através aliados e testa-de-ferro, colocados nas posições chaves.”
O historiador John M. Nagemy, citando as próprias observações de Giovanni Cavalcanti, desenvolve a mesma argumentação em A History of Florence, 1200-1575, Wiley Blakwel, 2008, pg. 253.
(10) Maquiavel, Nicolau - opus cit., pg. 379, nota. Cavalcanti, Sylvio Humberto, - Se Chiamavano Cavalcanti, ano 1509, formato PDF, ano 1478. Cena do ataque a Lorenzo Médici descrita em Martines Lauro – Abril Sangrento, Imago, ed. original de 2003.
O parentesco dos Cavalcanti com os Medici seria através o ramo de Napolis - Ginerva Cavalcanti casada com João de Medici, o Velho, em 1416.
Foi sugerido pelo genealogista Francisco
Antonio Doria, em seu blog ”Je me suis couché de bonne heure”, 12 de janeiro
2008, que este Lorenzo Cavalcanti que salva seu homônimo Lorenzo de Medici na
conjuração dos Pazzi em 1478 fosse o do ramo brasileiro, pai do nosso Giovanni
di Lorenzo Cavalcanti. Segundo o genealogista Sylvio Humberto Cavalcanti, em
sua tabela genealógica TavolaCavalcantiFlorenze pdf. A cronologia poderia coincidir,
mas a filiação não. Recentemente, confirmamos a filiação por Sicca, Cinzia M. no artigo Consuption
and trade of art between italy and England in the first half of the sixteenth
century: The London house of the Bardi and Cavalcanti Company”, em Renaissance
Studies, vol. 16, artigo n.2, 2002 quando ela nomeia o grande comerciante Giovanni Cavalcanti da corte de
Henriqie VIII como Giovanni di Lorenzo
Cavalcanti.
(11) Notamos que Pierfrancesco Lorenzo di Medici, o Velho, primeiro na genealogia dos Píerfrancesco foi casado em 1456 com uma Acciaioli, Laudomia, filha de Agnolo Acciaioli, que também se voltara contra os Medici por motivos pessoais e financeiros. Ver Maquiavel pg. 343-351 (Possivelmente com este casamento os Medici visassem acalmar os Acciaiuoli ) .
(12) Sobre Donato di Neri Acciaioli, Full text of The Unversity of Cambridge- from the earliest time ro the Royal injunctions of 1535, cap. Foreboding of italians scholars, Cornell University Library , by James Bass Mulingee, M. A., St. John College Cambridge, - Cambridges Press, pg., 398, ed. Eletrônica e Dicionário Bibliográfico Treccani, verbete assinado por A.Adario, “Filippo Donato Acciaioli” Treccani. It, com todas as fontes citadas detalhadamente.
Os privilégios concedidos pelo governo florentino a Donato, a isenção de taxas aos seus filhos e dotes concedidos para suas filhas, Maquiavel, Nicolau - opus cit., pg.389. Sua atividade como Gonfaliero de Justiça e orações sobre justiça, Viroli, Maurizio - Machiavelli´ s God - Princeton University Press, 2010, pg. 94. Sobre suas ilustres atividades intelectuais e literárias ver Wikepedia polonesa.
Segundo o genealogista Francisco Antonio
Doria, texto digitalizado e cedido pelo autor em 1/2011: “Donato Acciaioli
nasceu em 1428 e morreu em Milão em 28 de agosto de 1478 - humanista e tradutor
de Plutarco amigo de Lorenzo Magnífico, a quem designou tutor de seus filhos.
Casado com Maria di Piero di Andrea di Pazzi, conhecida como Marietta. Donato
era filho de Neri Acciaiuoli que morreu jovem, com vinte e oito anos e de Lena,
filha do grande Palla Strozzi. Era neto de Donato Aciaiuoli, governador de
Corinto ao tempo do Duque de Atenas, e de sua mulher Tecca di Saggio di
Giacomini di Poggio Tebalducci.”.
Existe também bibliografia não consultada sobre Donato de Néri, Gans, Margery Ann – The Humanist as Citizen: Donato di Néri Acciaiuoli, 1428-1478, Syracuse University, 1979.
(13) Notamos que em 1509, momento do possível enfrentamento de Florença com as forças papais, o muito jovem Simone di Zanobio Acciaiuoli, nascido em 1497, achava-se já migrado para o Funchal, Ilha da Madeira. Simone era bisneto de Zanobi Acciaioli, inimigo acérrimo dos Medici. Simone teria também ligações familiares com os Neri Acciaioli por sua mãe, uma Amadori- bisneta de Angiolo Amatori casado com Lucia Acciaioli, irmã de Néri II e Antonio II Acciaioli, duques de Atenas.
Com o fim da primeira República em 1515, Simone
obtém sua certidão de nobreza em Florença. Durante a segunda república em 1529
obtém uma carta de armas dos Acciaiolis passada por D. João III. Falecido em 1544. Sua descendência, por seu neto Gaspar
Acciaioli de Vasconcellos estará no Brasil no ano 1618, casado com D. Ana
Cavalcanti, neta do patriarca dos Cavalcanti no Brasil, Felipe Cavalcanti.
Doria, Francisco Antonio - Arvore genealógica Acciaioli 1 pdf. Sobre as ações anteriores
dos Acciaioli ver também nora 5.
(14) Jacobo Salviati era filho de Giovanni
Salviati e Helena Gondi, neto de Alemmano Salviati, sobrinho do arcebispo
Francisco Salviati, morto no mesmo dia conjura Pazzi. Teve com Lucrecia Medici
inúmeros filhos entre eles Maria Salviati, mãe de Cosimo I. Informação repetida
na nota 39.
Parte II
(15) Mediateca do Palazzo Medici-Ricardi – Medici Lorenzo il Popolano, Lorenzo de Pierfrancesco1463-1503. Ver nota 5 e 9.
(16) Mediateca do Palazzo Medici-Ricardi – fichas Medici.
(17) Cavalcanti, Sylvio Umberto – Si Chiavamano Cavalcanti – pdf, anos de 1495, 1496, 1509. O autor no ano 1509 cita ainda a morte do muito rico Giovanni di Nicolo que não deixou herdeiros homens: "Nella sua ereditá vi sono 18 poderi, tra i qualli del Pino”. Uma sua filha, Ginevra, casa com Mainardo di Bartolomeo Cavalcanti que em 1496 havia recebido “in affitto perpetuoi sette poderi del “Pino”.
A mudança de nomes dos Cavalcanti ocorre durante o período de poder das guildas menores. Ver Cavalcanti, Sylvio Humberto – opus cit., anos 1379 a 1381. Assim sendo, os vários ramos familiares dos Cavalcanti são identificados por este autor em sua tabela TavolaCavalcantiFerenze pdf. Adotamos para nosso auxílio estas denominações referidas, reconhecendo que elas podem ser não completamente seguras e úteis. Em alguns ramos estas ascendências não são sequer referidas. Ver também Torres, Rosa Sampaio – Artigo ”Cavalcantis de Florença” www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(18) Albuquerque, Cassia e Cavalcanti, Marcelo Bezerra e Doria, Francisco Antonio - Cavalcantis: na Itália e no Brasil. Ed.eletrônica on-line, 2010, PDF. Sicca, Cinzia M. – artigos de História da Arte citados na Renaissance Studies n 16 e 17. Ver também Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos: Filippo, Schiatta e Guido.” www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(19) Garcia, Eladi Romero –
artigo “La Toscana en Tiempos de Cosme I (1519 - 1574)”, Analises
Bibliográfico. Ed.eletronica. PDF.
(20) Sicca, Cinzia M. – artigos de história da Arte citados na revista Renaissance Studies no. 16 e 17.
(21) O episódio da prisão injusta de Maquiavel
comentada em Trollope, Thomas Adolfhus - “Fillippo Strozzi: a history of the
last days of the old Italian Liberty”, Howard College Library, London
,Chapman e Hall, 1860, pg.70.
(22) Sobre as tendências
popolanas de Leão X, lembramos que o governo de Lorenzo II orientado por Leão X
é cauteloso com a elite florentina. Leão
X teria, mesmo, tentado atrair os Mainardo Cavalcanti para a esfera Medici com
encomendas de seda entre 1512 e 1513. Sicca, Cinzia M. – artigo “Pawns of international finance and politics:
Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20,
no. 1, 2006, pg.12, nota 41.
Nicolau Maquiavel, o escritor, desejou a proteção política compreensiva de Leão X. Havia ele participado do segundo momento da República, entre 1498 e 1512, ao fim com participação importante. Ainda em 1513 foi incriminado em nova conspiração contra os Medici, preso e torturado, talvez injustamente. O episódo no qual tenta o apoio de Leão X e do qual tambémo nosso Giovanni Cavalcanti participa é referido por Sicca, Cinzia M. – Artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and england in the half of the sixteenth century : the Londos house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no2, 2002, pg. 169. Sobre estas pretensões de Machiavel ser protegido por Leão X, consultar também carta de Nicolo Machiavelli a Francisco Vettori, 13 de março de 1513, comentadas in Pires, Francisco Murari “Maquiavel e Tucídides”, ed. Eletrônica, on line. Mais sobre o apoio de Leão X aos Cavalcanti Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”... www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(23) Sobre este Iacobo Cavalcanti, pré-nome recorrente em nosso ramo seria interessante analisar a árvore genealógica de Doria, Francisco Antonio - Cavalcanti pdf.
(24) Levey, Michael – Florence: a Portrait,
Harward University Press, 1998, pg. 301. Infelizmente o autor, acadêmico,
não cita suas fontes que devem ser buscadas em seu trabalho acadêmico inicial.
(25) Sobre a contestação dos Strozzi ver nota 5.
(26) Por ocasião da conspiração descoberta em 1522 Luigi Alamanni se exila na corte de Francisco I e se torna celebre como o poeta cantor do exílio florentino, por extensão o poeta do exílio por excelência. Político e estadista Luigi terá seus dois descendentes, Nicolo e Francesco, envolvidos nas conspirações de 59 e de 75 em Florença. Francesco é assassinado na França em 1578 por mercenários Medici depois de três anos perseguido, com protestos diplomáticos veementes de Catarina de Medici. Ver texto abaixo e Torres, Rosa Sampaio – artigo “Conjuração Pucci & Cavalcanti”, especialmente a 2a parte, “Conspiração Pucci & Ridolfi” www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(27) Albuquerque, Cassia e Cavalcanti, Marcelo Bezerra e Doria, Francisco Antonio - Cavalcantis: na Itália e no Brasil. Ed.eletrônica on-line, 2010, PDF, pg.15, detalha as atividades diplomáticas de nosso Giovanni Cavalcanti: “Envolve-se na diplomacia que cerca a concessão do chapéu de cardeal a Wolsey, principal ministro de Henrique VIII; está ao lado do rei inglês quando este vai se encontrar com Francisco I de França no campo de Tendas de Ouro (sabemos deste fato graças a uma citação feita em 1520) e enfim, novamente participa de uma negociação entre o papa e o rei da Inglaterra quando graças a um tratado que Henrique escreve contra Lutero, Leão X concede-lhe a rosa de Ouro e o título de Defensor Fidei”. Fontes Cinzia Sicca.
(28) É conhecida a cena em que Clarisse Strozzi se indispõe verbalmente com os prepostos de Clemente VII, o jovem Ipólito Medici e Luigi Passerini, cena reproduzida em Cleugh, James- Os Medici – o poder e o esplendor de uma família européia, Verlag Weltbild, Augsburg, 1996, pg. 274. Consultar também Stamley, Edgumbe – The Tragedies of the Medici, London, Chapman e Hal, Picadilly, 1860, pg. 71.
Sobre a atitude de Giovanni Cavalcanti neste mesmo ano ver nota abaixo no. 30.
(29) Segundo o historiador Benedetto Varchi, em 26 de abril de 1527 Giovanni Cavalcanti teria participado entre muitos cidadãos do “tumulto do Venerdi”, ocasião em que lideranças florentinas exigiram a volta da constituição de 1512 pretendendo a queda dos Medici. Varchi, Benedetto – Storia Florentina Florence ed. 1838-1841, I, pg.13/36. Sobre esta noticia só referida por Varchi consultar a pesquisa de Sicca, Cinzia M. – artigo “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, pg. 5, nota 21.
(30) Sabemos que nosso Giovanni pediu auxilio a Henrique VIII, a quem já servira na corte inglesa de maneira prestigiosa como comerciante de artes, financiador de projetos de monumentos e diplomata informal. Henrique VIII foi muito afetuoso com ele em sua resposta por carta, prometendo providências diplomáticas sobre o arresto de seus bens. Não sabemos se este arresto teria ligações com um empréstimo conseguido em Florença em 1526, e o seu pagamento muito parcelado, em Sicca, Cinzia M. - artigo “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no”. 1, 2006, pg.6, e nota 22, mais em Sicca Cinzia M. - Artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and england in the half of the sixteenth century: the Londos house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no2, 2002, pg. 166, nota 15, citando J. Stephens, The Fall of The Florentine Republic, 1512-1530, Oxford, 1983, pg. 188. Ver também Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos” www.rosasampaiotorresblogspot.com/ com transcrição da carta. (31) Sobre Clarice Strozzi ver nota acima no. 28 e fichas biográficas sobre a família Medici. Sobre Catarina de Medici, abaixo nota no. 59, especialmente Frida, Leonie – Catarina de Medici, tradução Ofelia Castillo Siglo XXI, de Espanha Editores, março, 2006, especialmente pgs. 25, 33, 34.
(32) Cavalcanti, Sylvio Umberto – opus cit., anos referentes 1527/30.
(33) Sobre as atividades antimedici de Giovanni di Lorenzo no mercado de artes ver Sicca, Cinzia M. – artigo citado, 2006, pg. 34. Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni e seus filhos ...” www.rosasampaiotorresblogspot.com/ e mais abaixo nota 111. Ainda nosso trabalho “Rebecca ao Pozzo” de 2013 (ensaio).
(34) Cavalcanti Sylvio Umberto opus cit., anos referente 27/30.
(35) Frida, Leonie – Catarina
de Medici, tradução Ofelia Castillo Siglo XXI, de Espanha Editores, março,
2006, especialmente pgs. 25, 30, 34. Ver
mais nota 59.
(36) O tema do dote e da posterior
pretensão de Catarina de Medici a uma herança devida pelos Medici, seus
parentes, assuntos interessantes, merecedores de aprofundamento. Desde já, observamos possível que seu dote, em
ducados, não fosse dos maiores para casas reais na Europa da época, mas a possibilidade
de um casamento com uma herdeira do papa, de família de banqueiros abastados,
fosse para o rei francês muito promissora. Entretanto, pelo parcelamento do
dote, Francisco I deve ter entrevisto dificuldades e Filippo Strozzi feito promessas
vagas e vãs sobre regiões italianas a serem herdadas por ela, como sobrinha do
papa. A posterior alegação do rei francês de que
Catarina teria “chegado nua” à corte francesa, em verdade não procede, pois esta levou pelo menos jóias fantásticas no
seu enxoval (um dos maiores brilhantes do mundo incrustado em obra de joalheria
de Bevenutto Cellini, pérolas enormes, famosas até hoje), além de muitos outros
objetos de arte, móveis etc, etc. Mas, certamente, a partir de promessas
de Filippo Strozzi, as preensões francesas na península são acrescidas. Pelas dificuldades
em lidar com Cosimo I, Catarina se viu no mínimo lograda em sua herança paterna
e na de Alexandre Medici, oficialmente seu irmão, questão que só será resolvida
depois da sua morte, com o dote de Cristina de Lorena. Sobre o assunto, aqui apenas
esboçado, sugiro Reumond, Alfred von – La Gioventù di Catarina de Medici,
Felice le Monnier, Florenze, 1858, pg. 125, e Rovani, Giuseppe – Storia
delle lettere e delle Arti in Itália, vol.2, por Borroni e Scotti, Milano,
1855, pg. 127.
(37) Bullard, Melissa Meriam - Filippo Strozzi and the Medici: Favor and
finance in sixteen-century, Unvercity Press, 1980, pg.176. Trucchi,
Francesco - Vita e Gesta di Piero
Strozzi, Firenze, 1847.
Luiza
Strozzi vira personagem famosa de romance de Giovanni Rosssini. Mais nota 77.
Ipolito Medici, já cardeal, teria recebido Piero Strozzi que defendeu a causa dos “fuoriusciti” e, em embaixada, teria ido expor o problema dos Strozzi junto a Carlos V. No caminho Ipólito teria sido morto por Alexandre Medici, envenenado em Itri, no sul do Lácio. Oficialmente Ipólito teria morrido de malária. Condottieri di ventura Notes biografiche di capitani di guerra e di condottieri di Ventura operandi in Itália nel 1330-1550, Piero Strozzi, http://www.condotiridiventura.it. Boland, Melissa Meriam - opus cit., 1980, pg. 176.
(38) Lorenzino escreveu a obra “Apologia” em sua defesa, alegando que seu crime, como o de Marcus Brutus, teria se dado em defesa da liberdade humana. Escreveu também uma peça, “Aridoso”, bem recebida pela crítica, onde tenta que seu crime seja compreedido como um tiranocídio. Sobre sua perseguição, ver também nota 42.
(39) Jacobo Salviati era filho de Giovanni Salviati e Helena Gondi, neto de Alemmano Salviati e sobrinho do arcebispo Francisco Salviati, morto no mesmo dia conjura Pazzi. Teve com Lucrecia Medici inúmeros filhos entre eles Maria Salviati, mãe de Cosimo I.
(40) Teria o Bande Nere sido protegido também, por este tio tio-avô e papa, em 1519, como as demais crianças Medici? Sabemos que foi uma criança difícil ou problemática, acusada de homicídios em conflito muito cedo. Sabemos que usou, como sinal de extrema amizade, “palas” negras em suas insígnias pela morte deste papa Medici, Leão X, em 1521. Este fato é demonstrativo da personalidade, pelo menos atenta, de Leão X por seus jovens e pequenos parentes.
(41) Catarina Sforzza cuja
personalidade apenas esboça é figura histórica feminina com bibliografia já bastante
ampla e que deve ser consultada, pois muito influenciou Catarina de Medici e
Cosimo I.
(42) Até ser morto a mando de Cosimo I, Lorenzino peregrinou por Bologna, Turquia, França e Veneza, onde enfim é alcançado. Fontes sobre a morte de Lorezino, Segni, Bernardo – Istoria Florentina (1527-1555), Giuseppe Vanni, Firenze, 1835, e o recente trabalho conclusivo de Dall´Aglio, Stephen – “Giovanni Francia Lattini e o assassinato de Medici Lorenzino”, Historical Review, c XXII, 2009, pg. 840-856. Lattini seria um secretário de Cosimo I. Ver também acima sobre Lorenzino, nota 38.
(43) Sobre a situação dos Strozzi, Bullard,
Melissa Meriam - Filippo Strozzi and the Medici: Favor and finance in sixteen-century,
Unvercity Press, 1980, pg. 176. Trocai Francesco - Vita e Gesta di
Piero Strozzi, Firenze, 1847. Simoncelli, Paolo - Fuoriuscitismo Fiorentino,
1530-34, vol. I, pg.153. Sobre a morte de Luíza, ver também nota 37.
(44) Sobre Bartolomeo Cavalcanti ver Simoncelli, Paolo – opus cit. pg. 348, 352, 355,
365, que em nota a pg. 352 cita como fonte Carta
Strozziana seri I filza 100, c 39 r., lettera d i 10 agosto 1537. Ver
também Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit., ano citado e Frigo,
Daniela – Politics and diplomaticy in early. modern Italy, Cambridge
Studies in Itália, 2000, pg. 56, 55, onde afirma:” And it was this anti-medice
republican ferment, entusiastically joined by que most sincer and active
republican anti-medici exiles – most notably Cavalcanti , Nardi e Varchi - that
prompted Lorenzino di Medici, the new Brutus...”Ver também Torres, Rosa Sampaio
– artigo citado” Conjuração Pucci & Cavalcanti”, www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
,especialmente nota 12.
(45) Mais sobre Bernardo Salviati texto adiante e nota 66. Sobre Bernardo Salviati, nossa pesquisa se constitue em colagem de inúmeras informações enciclopédicas sobre a família Saviati e sobre o Castelo de Tracy, na França. Também Simoncelli, Paolo- opus cit., especialmente pág. 352.
(46) Sobre a morte de Cássia
Altovit, ASF por Deputacione Toscana di Storia Pátria, pg. 231 e
Simoncelli, Paolo – opus cit., pg. 154, com fonte citada. Também
pgs. 229, 331.
(47) A data das mortes desses jovens - 1537 - conseguida em notas enciclopédicas da família Strozzi e sobre sua mãe Clarice, mas não temos as causas reais das mortes destes jovens Strozzi. Pesquisa criteriosa deva ser feito a este respeito.
Citamos como nossas fontes de pesquisa sobre os Strozzi, Bullard, Melissa Meriam - Fellippo Strozzi and the Medici: favor and finance in sixteen-century. Cambridge Unversity Press. 1980. Toloppe, Thomas Adolphus - Philippo Strozzi: A history of the last days of the old Italian Liberty, Howard Cllege Library, London, Chapman e Hall, 1860. Sobre os Strozzis ver também notas 37 e 43.
(48) O episódio é relatado pela historiografia tradicional e clássica: Nardi, Iacobo - Istorie de la citta di Firenze, 2 vol., Firenze, Societá editrice delle storie del nardi e del Varchi, 1838-1841, pg. 351. Segni, Bernardo - Istorie Florentine (1527-1555), Firenze, Barbera, 1857, pg. 353, fontes de Simoncelli, Paolo opus cit. pg.338. As versões do episódio, pelos vários testemunhos históricos, nem sempre coincidem totalmente, entretanto, o episódio é recriado de forma multifacetada pelo próprio Simoncelli.
Citado também em Guidi, Andréa e Verga, Marcelo - Storia di Florença, Cronologia , na mídia eletrônica.
(49) Citamos nossas fontes de pesquisa: Bullard, Melissa Meriam - Fellippo Strozzi and the Medici: favor and finance in sixteen-century, Cambridge Unversity Press, 1980. Toloppe, Thomas Adolphus - Philippo Strozzi: A history of the last days of the old Italian Liberty. Howard Cllege Library, London, Chapman e Hall, 1860.
(50) Sobre o episódio de tortura de Giuliano Gondi que antecede a morte de Filippo Strozzi, referida em várias fontes, consultar especialmente Napier, Henry Edward – Florentine History, Edward Moxon, 1847, London, pg. 102 e 103, onde é transcrita a famosa carta de Filippo Strozzi. Mais sobre a família Gondi ver texto adiante e nota 51 a seguir.
(51) Pelo menos desde 1536 Bartolomeo Cavalcanti conspirou pela Republica e contra os Medici com o auxilio de Giuliano Gondi e muitos outros ”fuoriusciti”. Bartolomeo foi casado com Dianora, filha de Alessandro Gondi. Depois do fracasso de Montemurlo e a tortura de Giuliano Gondi, fato que teria definido o possível suicídio de Filippo Strozzi, Bartolomeo Cavalcanti permaneceu alguns anos por motivo de segurança em Ferrara.
Dianora, mulher de Bartolomeo era também sobrinha do banqueiro florentino, exilado em Lion desde o início do século, Antonio Gondi. Este Gondi havia se casado em 1536 com uma nobre francesa, Maria Catarina Pierrevive-Gondi – dama que se tornou por seus dotes, a mais leal amiga da rainha Catarina de Medici.
Bartolomeo Cavalcanti teria mesmo comprado em 1555 o Chateau du Perron deste seu parente Antonio Gondi, próximo de Lion, na França, para sua filha Lucrecia, mas aí pouco permaneceu, indo conspirar em Roma.
A influência de Bartolomeo Cavalcanti se fazia, além do mais, na corte francesa por esta sua filha Lucrecia, tornada dama de honra da Rainha, casada com o banqueiro florentino Pierre Albizzi Del Bene, Almocer no período de Henrique II, e “facteur” da banca Gadagne, responsável pelas ligações financeiras com os banqueiros florentinos de Roma (através o Card. Tournon), Veneza (Francisco Nazi), e Ferrara (o próprio duque de Ferrara). Fontes citadas em Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Conspiração Pucci & Cavalcanti” blog www.rosasampiotorres.blogspot.com/
(52) Sobre as atividades dos
banqueiros florentinos mobilizados, Gianbattista Altovit e seu pai, o celebre Bindo
Altovit (casado com a bela Fiametta Soderini), ainda Piero Strozzi, ver
Bruscoli, Francesco Guidi - Papal Banking in Renaissance Rome, MPG Books
Ltda, Grã Bretanha, 2007, pg.17. Vicent, Vicente de Cardenas y – La
Republica de Siena y su anexion a la corona de Espanha, Hidalgnia, Madri, 1985,
pag. 83, afirma: “em janeiro de 1553 se estabelece um pacto de aliança entre
Herique II e Siena pela qual a Republica lhe confia sua defesa, seu governo e a
direção política e econômica.” O autor cita suas fontes. Bullard, Melissa Meriam – Fellippo Strozzi
and the Medici: favor and finance in sixteen-century, Cambridge Unversity
Press,1980, pg 176.
(53) Cavalcanti, Sylvio Humberto – opus cit., ano referente 54/55.
(54) O único filho de Bartolomeo, Giovanni di Bartolomeo Cavalcanti, nascido em 1526, com 28 anos foi prêso como refém por Cosimo I no fim do cerco de Siena. Não teria sido bem sucedido, posteriormente, em suas pretensões de obter junto ao mesmo Cosme I a herança de sua avó paterna em Florença, Ginevra di Giovanni di Niccolò Cavalcanti, filha do riquíssimo, acima no texto referido, Giovanni di Nicolo di Giovanni di Amerigo Cavalcanti. O jovem teria tentado a interferência de sua irmã Lucrecia, na corte francesa. Mas sentindo-se perseguido e injustiçado em Florença, sabemos que pretendeu reunir-se a esta irmã, já viúva na França, para auxiliá-la na criação dos sobrinhos. Cosimo I não teria, certamente, esquecido a decidida atuação conspiratória de seu pai contra sua vida em 1559. Giovanni di Bartolomeo viveu em Roma e casou três vezes: com Lucrecia Capponi, Luiza Ridolfi e Tarquinea de Bufalo. Seus filhos: Mainardo, Francisco, Guido e Bartolomeo, este último filho de Tarquinea, considerado pelo historiador Sylvio Cavalcanti, “o último dos Cavallereschi”. Fontes, as cartas citadas em Lettere di Bartolomeo Cavalcanti - prefácio Amadio Ronchini, pg. 26 e 27 e nota. Sobre a tentativa de obter a herança de sua avó Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit, ano 1559, e descendência na sua tabela genealógica citada.
(55) Inúmeras são as fontes enciclopédicas sobre a família Strozzi na mídia eletrônica e em livros do século XIX, além das já citadas acima: Bullard, Melissa Meriam - Filippo Strozzi and the Medici: Favor and finance in sixteen-century. Unvercity Press, 1980 pg.176. Trucchi, Francesco - Vita e Gesta di Piero Strozzi, Firenze, 1847.
Da bibliografia mais moderna ressaltamos
Bullard, Melissa Meriam - Filippo Strozzi and the Medici, Cambridge
University Press, 1980.
(56) Depois de se retirar de
Siena ferido para se abrigar na fortaleza de Montalcino, o Marechal Piero
Strozzi ainda esteve em Porto Ercole e, de Porto Ercole alguns “fuoriusciti”
escaparam com ele: Flaminio Orsini, Giuliano Medici, Montauto da Montauto,
Lazzaro Mansai e poucos outros. Desprestigiado na corte francesa pelo abandono
do posto, talvez responsabilizado pelo justiçamento de Alezandro Salviati, (ver
texto acima e nota 58) Piero Strozzi continuará mesmo assim na luta contra os
imperiais por ordens de Catarina Medici, rainha francesa, fortalecendo os
estados papais e contra os espanhóis, mas não consegue mais entrar na Toscana.
Morre em julho de 1556, ferido no cerco de Thionville, França. “Note Biografiches di Capitani e di
Condottieri di Ventura operante in Itália nel 1330-1550.” ed.eletrõnica.
Trucchi, Francesco - Vita e Gesta di Piero Strozzi Firenze, 1847.
O historiador Paolo Simoncelli opus cit., pg.155, lamenta não haver
bibliografia moderna sobre Piero Strozzi.
(57) ASF por Deputacione
Toscana di Storia Pátria pg. 231 e Simoncelli, Paolo – opus cit., pg.201.
(58) O Arquivo Storico Italiano, por Deputacione Toscana di Storia Pátria, pg. 231, no ano 1555, afirma que Alessandro di Piero Salviati, apresado em Port’Ercole, foi decapitado na fortaleza de Livorno, sem mais detalhes. Sabemos que a resistência dos jovens “fuoriusciti” em Porto Ercole foi desesperada. Trevisane, Cesare - opus cit., pg. 97, afirma que Alessandro Salviati teria dezoito anos.
Fontes do ”Palazzo Incontri’, em Florença, habitado pelos Salviatti a partir de 1530, confirma que Alessandro Salviatti foi condenado à morte por traição. Esta mesma fonte confirma, também, a implicação dos jovens Strozzi no episódio da prisão de Alessandro, em 1555. O “Palazzo Incontri” não teve suas obras terminadas pela crise política da família.
A villa Baroncelli, hoje Poggio Imperiale, depois da morte de seu pai Piero Salviati, foi confiscada à sua mãe viúva por Cosimo I, em 1565, Alessandro dado na ocasião como foragido (?), segundo informações obtidas a partir de um quadro de Madona de Jacomo Pontorno, in http://www.whitfieldfineart.com
(59)
Frida, Leonie – Catarina de Medici, tradução Ofelia Castillo Siglo XXI, de
Espanha Editores, março, 2006, especialmente pgs. 25, 33, 34. Os revoltosos radicais pretenderam que ela
fosse baixada numa canastra nas muralhas da cidade, à frente da tropa, ou de
ser enviada para um bordel militar. Por fim ela teve que desfilar no meio de
turba enfurecida. Sobre a infância de Catarina de Medici, consultei também Reumond,
Alfred von – La Gioventù di Catarina de Medici, Felice le Monnier, Florenze,
1858. Mariejol, Jean Hipolyte
- Catherine de Medici (1519-1589) Hachette, 1922. Frida, Leonie - Catherine
de Medici, London, Phoenix, 2005. Bullard, Melissa Meriam - Filippo Strozzi
and the Medici : Favor and finance in sixteen-century, Univercity Press, 1980. Sobre a estadia no Murate, Cloulas, Sharon Strocchia- artigo “Catarina
de Medici” – Renaissance Studies, no.
17, 2003, pg.31.
(60) Sobre a pequena Lucrecia e o filho de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti no cortejo do casamento de Catarina ver Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”. Temos informação que Giovanni di Lorenzo teria conseguido colocar um filho seu neste cortejo à França. A presença neste cortejo do pequeno Guido, filho de Giovanni di Lorenzo é sistemeticamente repetida por várias fontes secundárias, talvez por ter ele estado na França depois de 63. Duvidamos, entretanto, destas fontes secundárias, pois acreditamos que ele em 1533 fosse ele ainda muito pequeno. Guido nascido cerca de 1528/30. Desde já podemos sugerir a hipótese de ser o próprio Filippo Cavalcanti, criança nesta época de uns oito anos, o filho que Giovanni di Lorenzo colocou como pajem no séqüito de Catarina de Medici, acompanhando a pequena Lucrecia, filha de Bartolomeo.
(61) Cavalcanti, Silvio Humberto – opus cit., ano citado, 1533.
(62) Sobre o dote de Catarina de Medici, ver nota acima 36.
(63) Sobre o apoio dos “fuoriucitti” por Francisco I, Simoncelli, Paolo – opus cit.,
(64) Frida, Leonie - Catarina de Medici, tradução de Ofélia Castillo, Siglo XXI de Espanha Editores, 2006, pg.25. Em tradução: “Clarice era tutora estrita e exigente, tinha filhos pequenos com quem ela podia brincar. Os primos Strozzi foram os irmãos e irmãs que Catarina não tinha tido e ela nunca deixou de querê-los profundamente.”
(65) A fidelidade das gerações Strozzi à Catarina Medici é patente e fica comprovado mais adiante na trajetória de Philippe Strozzi (1541-1582), filho de Piero Strozzi (tornado Marechal francês), neto do poderoso banqueiro florentino Filippo, o Moço, bisneto do contestador pela República florentina Filippo, o Velho, descendente do grande mecenas Palla Strozzi. Começando cedo sua carreira militar e tendo combatido nas mais famosas frentes de guerra européias, já aposentado como Comandante das forças francesas, Philippe Strozzi irá morrer aos quarenta e um anos, sem honras, seu corpo ferido jogado ao mar como simples pirata. Provado como experiente comandante, aposentado mesmo assim aceitou defender, informalmente, os interesses da rainha francesa em apoio aos portugueses, contra os espanhóis, acabada a guerra franco-espanhola. Apresado, foi então executado pelos espanhóis como simples mercenário, com requintes de crueldade após a batalha naval de Ponta Delgada, Açores, em 1582. Seus comandados, posteriormente em terra, também executados. Na França, suas exéquias foram solenes com a presença real, honrado como um dos maiores soldados da França.
(66) Sobre Bernardo Salviati, foi realizada colagem precária de várias informações enciclopédicas sobre a família Saviati e sobre o Castelo de Tracy, na França. Mais Simoncelli, Paolo - opus cit., Indici Onomástico, especialmente pg. 352.
(67) A importância de Marie Catherine Gondi é confirmada em várias fontes específicas, entre as quais citamos Menue, Emil Perret de la - Recherches Historiques sur le Chateau du Perron a Oullins, Aimé Vingtier, Lyon, 1868, pg. 26,ss, pdf e Iacono, Giuseppe e outro – Les marchands banquiers florentins et l´architecture à Lyons au XVIe siècle, Publisud, 1999. Para o parágrafo foram usadas também fichas genealógicas da família Gondi, ed. Eletrônica. “Ver mais nosso trabalho conspiração Pucci & Cavalcanti” no blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(68) Sobre as relações dos Gondi, na França, com Bartolomeo Cavalcanti e sua filha Lucrecia, consultar também Torres, Rosa Sampaio “Conjuracão Pucci & Cavalcanti” www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ especialmente nota 12 e 22. Neste trabalho a nota acima no. 51.
Sobre as atuações financeiras de Pierre
del Bene, esposo de Lucrecia Cavalcanti, e as suas ramificações na península
italiana, Socité de l´Ecole des Charles, Bibliotheque de l´ecole de
Charles, vol. 127, parte 2, Librarie Droz, pg. 260 e Balsamo, Jean - De
Dante à Chiabrera, Droz, 2007.
(69) Mariejo, Jean Hipolyte – Catherine
de Medici (1519-1589), Hachette, 1922, pg. 255.
(70) Sobre Alezandro Salviati,
ver nota acima completa no. 58.
Parte III
(71) Trevisane, Cesare – La Conjura di Pandolfo Pucci, Florença, Tip. De Monnier 1852 (romance).
(72) Sobre Stolto vestido à francesa, sinal de que teria estado na França, ver descrição Trevisane, Cesare, opus cit., pg.16. Antes de ir à França, entretanto, Stolto teria estado com Bartolomeo Cavalcanti em Pádua. Trevisane, Cesare – opus cit., pg. 89-98.
(73) Trevisane, Cesare – opus
cit., pág 156. Mais Torres, Rosa Sampaio – artigo ”Conspiração Pucci &
Cavalcanti”, nota 20, em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(74) Sobre a conspiração Pucci & Cavalcanti remetemos, obrigatoriamente, ao trabalho recente e exaustivo com datas analisadas, Torres, Rosa Sampaio – artigo “Conspiração Pucci $ Cavalcanti” em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ Também Trevisane, Cesare - La Conjura di Pandolfo Pucci, Florença, Tip. de Monnier, 1852 (romance). Na Wikepédia busca “Palácio Pucci”, trabalho inicial, com bibliografia básica. A conspiração é citada ligeiramente em Mello, Evaldo Cabral de – “O mito de Veneza no Brasil” - artigo no jornal “Folha de São Paulo”, 1 de julho 2001, textualmente: ”Felipe abandonara Florença, primeiro por Portugal, depois pelo Brasil, devido a seu envolvimento na conjura de Pandolfo Pucci contra os Medici, versão que permanecerá na tradição de seus descendentes”. Também citam a conspiração Pucci: Cavalcanti, Sylvio Humberto – opus cit., ano 59, tabela genealógica TavolaCavalcantiFirenze pdf, sem fontes e Holanda, Sergio Buarque - “Os projetos de colonização e comércio toscanos na Brasil ao tempo do Grão-duque Fernando I (1587-1609)” – Revista de História n. 71, 1967, pg. 104.
(75) Mello, Evaldo Cabral - artigo citado, afirma que nosso parente Stolto, e mesmo Filippo Cavalcanti, estariam defendendo uma república de “otimatti” à maneira veneziana. Se estas discussões políticas de regras republicanas haviam feito sucesso nos anos 1520 nos jardins do Rucellai, me pergunto se depois da experiência republicana de 27/30 e, especialmente, destes últimos embates contra os Medici na década de 50, com a queda da Republica Popular de Montalcino, as varias colorações republicanas teriam ainda sentido e, portanto, nossos parentes Stolto e Filippo poderiam ser classificados desta maneira, desejosos de uma republica de “otimattis”. A luta antimedici era o objetivo maior e comum na ocasião, necessitando agregar as várias facções. Creio que a partir desses episódios toscanos da década de 50 em Siena surge uma idéia nova de República Popular que, em verdade, somente muito mais tarde viria a ter seqüência com reflexos no Novo Mundo, já no séc. XVIII. Entretanto, para aprofundamento do assunto, especialmente no Brasil Colonial, vale a pena consultar o próprio texto citado de Evaldo Cabral de Mello que nos provoca com indagações. Para a discussão republicana, no período dos Medici séc.XVI, consultar o trabalho recente de Simoncelli, Paolo – opus cit.
(76) Lorenzo di Jacob Medici seria o nome completo de Lorenzo Medici, não citado em outras fontes, mas por nós localizado no ASF, Arquivo Storico Florentino – por Deputacione Toscane di Storia Patria, ano citado, incluindo o Jacob. Entretanto, não conseguimos localizá-lo em nenhuma lista genealógica da família Medici. Suspeitamos que tenha havido ocultamento de algum sobrenome para não prejudicar o ramo familiar envolvido (o Jacobo é prenome recorrente na família Salviati). Localizamos uma carta de Lorenzo de Medici no ASF - opus cit., pg. 378, com a data 1 de agosto de 1559, enviada de Augusta, não consultada por nós. Outra indicação seria sua estada em Pisa, onde teria corrido seu processo. Adriani, G B. - Istoria de suoi tempi, vol VI, Prato 1823, pg.50. Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 3. Puccio Pucci era magistrado dos oito, parente de Pandolfo
(77) de Ricci, Marieta - Firenze
al tiempo dell assedio per Agostino Ademollo, citada pg. 577, confirma a
participação de Francesco Nasi na conspiração de 59. Adriani, Giovanni Battista – opus cit., pg.50
e Napier, Henry E. – Florentine history from the earliest authentic records,
vol V, Edward Moxon, London, 1847, pg. 205. Ammirato, Scipione – Agiuntamento
di Scipione Ammirato, il Giovane, parte II, per Machini e G.
Bechini, 1827, pg 235, afirma: “ Nasi,
tentado di simil modo se messe voluntariamente in pigione e um ligiero confino,
fù absolvito”.
Sobre as suas relações com o banqueiro florentino da corte francesa Bernard del Bene, Balsamo, Jean – De Dante à Chiabera. Droz, 2007, e Societé de l´ecole des Charles -Bibliotheque de L´ecole des Charles, vol.127, parte 2, 1969, e ainda Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci &Cavalcanti”, notas 12 e 22 em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
Sobre suas relações com Luiza Strozzi: de Ricci, Marietta – Firenze al Tempo Del Assedio per Agostino Ademollo e Luigi Passerini, Stabilimento Chiari, Firenze, 1845, pg. 577, pdf.
Francisco di Alessandro Nasi teria sido um antimedici decidido. Jovem de família de banqueiros de origem judaica muito auxiliou os Strozzi nos anos 37. Teria sido apaixonado por Luiza, filha de Filippo Srozzi, que possivelmente foi envenenada a mando de Alessandro Medici - inspiração para o romance de Giovanni Rossini “Luiza Strozzi”. Esperamos um trabalho anunciado pelo historiador Paolo Simonelli sobre Nasi para melhor conhecermos sua trajetória.
(78) Carta, Paolo – La Republique em Exil, XVXVI siècles. ENS, 2002, p. 105, e nota, usando como fonte carta de Iacobo Corbinelli a Jean Vicenzo Pinelli, Paris, 27 de junho de 1569.
Sobre a notável perseguição aos irmãos Bernardino e Iacobo Corbinelli, Torres, Rosa Sampaio – artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(79) Ammirato, Spione – opus cit, pg. 239, afirma que Ricciardo Del Milanese, por intervenção de seu irmão visconde foi perdoado, mas vindo receber a graça foi preso “per mare dei turchi e nelle mano mori”.
(80) Dufresnoy, Nicolas Lenglet - Histoire justifiée contre les romans, J.F.Bernard Amsterdã, 1735, pg. 85 afirma a prisão e o porquê dela. Ammirato, Scipione – opus cit., pg. 235, diz que Girolamo foi solto de Volterra, sem dizer quanto tempo ele ficou preso.
Carta de Cosimo I ao duque de Ferrara enviada de Livorno, 14 de dezembro de 1559 in Diciotto Lettere inédite di Bartolomeo Cavalcanti, prefácio Giuseppe Campori, Modena, Carlo Vicenzi, 1868, citada pg. 9, e transcrita pg. 31- 34,
(81) As atividades de Filippo di Giovanni Cavalcanti na Europa são o nosso foco de interesse, a razão mesma destes nossos vários trabalhos. Assim sendo recomendo para introdução no assunto Torres, Rosa Sampaio – os artigos “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(82) Benci, Spinello - Historia de Montpulciano, [Massi], 1882, pg.134.
A “Republica de Siena Retirada para Montalcino”, região localizada na Toscana é hoje uma herança cultural, já tombada pela UNESCO em 2007.
(83) A tradição oral familiar que associa a vinda de Filippo di Giovanni Cavalcanti para o Brasil à conspiração Pucci & Cavalcanti é numerosa e analisada em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”, nota 42. www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
Parte IV
(84) Cavalcanti, Sylvio Umberto –
opus cit., ano 1563 e sua tabela genealógica, ed. Eletrônica.
Champion, Pierre - Charles
IX: la France et le contrôle de l’ Espagne, B. Grasset, 1939, pg. 347,
textuamente : « La reine de l’Agleterre leur envoyait Cavalcanti,
avec des lettres assurant qu’elle ne savait rien de la decente de
Montgomery et qu’elle essayerait de leur
procurer la paix avec les rebelles. »
Torres, Rosa Sampaio – artigos “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos”, www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(85) Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit., ano 1563.
(86) Cavalcanti, Sylvio Umberto - opus cit., ano 1572.
(87) Sobre a “Conspiração Oracio Pucci & Ridolfi“ descoberta em 1575 e aqui apresentada em resumo, existe trabalho moderno do historiador Jean Boutier, « Trois conjurations Italiennes: Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628) » in « Melange de l´ Ecole française de Rome ». Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, pg. 319-375. As pesquisas de Boutier foram contextualizadas e acrescentadas em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conpiração Pucci & Cavalcanti”, 2ª parte, “Conspiração Pucci & Ridolfi” em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ que indicamos para enriquecimento e aprofundamento do tema.
(88) Catarina de Medici nestes episódios contestadores da corte florentina dos meados da década de 70 nos aparece surpreendentemente atenta, com certeza ainda envolvida, acompanhando de muito perto a ação de seus parentes Medici prepotentes. Conclusão de Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, 2ª parte “Conspiração Pucci & Ridolfi” em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(89) Cosimo havia perdido, inicialmente, três filhas. A pequena e ilegítima Bia (1537- 1542), morta subitamente de uma febre e logo em seguida sua mãe Maria, que cuidava desta pequena. Mais tarde as jovens Maria (40-57) e Lucrecia, esta recém-casada (45-61). Posteriomente perdeu a mulher, Eleonora di Toledo e mais dois filhos: Giovanni, (43- nov. 62) com dezenove anos, já cardeal, e Garzia de quinze anos (47-dez. 62) - os três de malária, em viagem à Pisa, segundo as fontes oficiais.
Cosimo nos seus dez últimos anos temendo por sua vida em virtude dos vários atentados sofridos deixou o governo para seu filho já adulto, Francisco, e foi morar fora de Florença. Morreu em 1574.
A sugestão de morte por envenenamento dos filhos jovens de Cosme é historiograficamente recorrente, mas sem provas conclusivas.
Há também sugestões de que a morte desses
dois filhos homens e adolescentes tivesse ocorrido por causas violentas, mas a historiografia
moderna prefere a versão da morte por malária (Murphy, Caroline P - Isabelle de
Medici citada, pg.101). Ver mais também sobre os atentados a Cosimo, Torres,
Rosa Sampaio – artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, 2ª Parte “Conspiração
Pucci & Ridolfi” blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/,
especialmente nota 59 e 60.
(90) Murphy, Caroline P. - Isabelle di Medici,
Faber and Faber, 2008, pg.282 /283 afirma: “and the day that duke Cosimo died,
which was 18 abril 1574, until 12 july 1575, there were 186 cases of death and injuries.”
O episódio de furto, talvez melhor um saque com morte, imputado a este Cavalcanti e outros teria ocorrido em abril de 75. O fato é referido em di Ricci, Giuliano e Sapori Giuliana – Cronaca, Rcciardi, 1972, p. 142 e Arditi, Bastiano e Cantagallo, Roberto - Diario di Firenze e di altre parti della cristianità (1574-1579), Insti. Nacionale di Studi sul Rinascimento, pg. 71. Giudi, Andrea, e outro - Storia di Firenze - Cronologia – ano referente em http: www.dssg.unif.it. Ver ainda nota abaixo 92.
Sugerimos que a morte desse jovem Cavalcanti de 27 ou 28 anos, Nicolo di Bastiano, enforcado como ladrão publicamente em 10 de outubro de 1575 estaria ligado a esses tumultos depois da morte de Cosimo I em Florença, tumultos não sabemos se espontâneos ou planejados. Seria necessário aprofundar as pesquisas para afirmação mais precisa.
O jovem Niccolò di Bastiano Cavalcanti pode
constar da tabela genealógica de Cavalcanti, Sylvio Humberto –
TavolaCavalcantiFirenze pdf, citado entre os descendentes do ramo Cavallereschi
como Niccola, filha ou filho de
Sebastiano, neto de um Bartolomeo, em linha avisada pelo autor como não segura.
(91) Bourdieu, Jean - artigo citado, sua tabela genealógica. O autor relaciona Orácio entre os filhos mais moços de Pandolfo, do seu segundo casamento com Cassandra Gagliano, seu nascimento em 1552. Entretanto Trevisane, Cesare – opus cit, pg. 318, afirma que Orácio seria filho de Laudomia, primeira esposa de Pandolfo, filha do escritor Francesco Guicciardini e nascido em 1534.
Informações genealógicas da família Pucci na mídia eletrônica citam Alessandro como o filho de Laudomia Guicciardini.
O Arquivo Storico Florentino – por Deputacione Toscane di Storia Pátria, pg. 235, se refere “ao jovem Orácio Pucci de 24 anos decapitado.” Quanto às datas das mortes Giudi, Andrea e outro - Storia di Firenze – Cronologia, hhttp: www.dssg.unif.it citam: Oracio Pucci em 27 agosto de 75, outros em 6 de maio 77, Camilo di Pandolfo Martelli em 15 de janeiro 1578 - datas confirmadas em várias outras fontes. Ver mais Torres, Rosa Sampaio, artigo ‘Conspiração Pucci & Cavalcanti” e 2ª parte Conspiração Pucci & Rodolfi em blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/).
Um dos irmãos de Orácio Pucci teria tido morte por veneno quando tentava a proteção do papa Clemente VIII. E o terceiro filho de Pandolfo Pucci, teria sido assassinado por um serviçal. Ross, Janet - Florentine Palaces and theis Stories, s/d, pg. 237. Seus nomes seriam Alessandro e Emílio, segundo nos indica a tabela genealógica de Boutier, Jean - artigo citado.
(92) A morte de Nicolo di Bastiano Cavalcanti é referido por di Ricci, Giuliano e Sapori Giuliana – Cronaca, Rcciardi, 1972, p. 142 e Arditi, Bastiano e Cantagallo, Roberto- Diario di Firenze e di altre parti della cristianità (1574-1579), Insti. Nacionale di Studi sul Rinascimento, pg. 71. Também referida Giudi, Andrea e outro - Storia di Firenze- Cronologia, ano referente hhttp: www.dssg.unif.it - Ver mais nota acima no. 90.
(93)
Sabemos por Murphy, Caroline – opus cit.
pg.132 que: “A year later [1562] he [Cosimo] bought back two Orsini
fiefdoms, Isola and Baccano, from the Florentine merchants the Cavalcanti,
to whom Paolo had sold the land to pay off yet another debt. But the land was
then made into an irreversible donation to Isabella, thereby guaranteing her
som income from this precarious spousal source”. “Um ano depois [1562] ele [Cosme] comprou de volta
dois feudos de Orsini, Isola e Baccano, dos mercadores florentinos Cavalcanti,
a quem Paolo havia vendido as terras para saldar outra dívida. Mas o terreno
foi então doado de forma irreversível à Isabella, garantindo-lhe assim uma boa
renda dessa precária fonte esponsal”. Sugerimos que os banqueiros Cavalcanti
florentinos referidos pelo autor acima possam
ser da familia de Tomasso Cavalcanti e seu filho Giovanbatista, que tiveram
seus bens arrestados em 59/60, bens posteriormente devolvidos. Sugerimos que possa
ter havido algum acordo dos Medici com o jovem Giovanbattista Cavalcanti após a
morte do seu pai, o banqueiro Tomasso. O jovem Giovanbatista cujo irmão fora decapitado pela conspiração de 59, sabemos
com fontes, esteve em Portugal por volta de 58/59 e depois continuou os
negocios bancários de sua casa commercial em Roma, construindo uma bela e riquíssima capela para seu pai, falecido
em 62. Ver artigo Torres, Rosa Sampaio, “Guia das Capelas Cavalcanti”, em seu
blog.
(94) Eram os Capponi de família não tão antiga ou tradicional, mas politicamente atuantes em Florença desde a derrota dos “Grandi” no século XIV. Ricos, ligados à produção de seda haviam participado como liderança do governo republicano de Savanarola e da República de 1527/30 por Nicolo Capponi. Sobre os Capponi, Torres, Rosa Sampaio - artigo conspiração Pucci & Cavalcanti e 2ª parte “Conspiração Pucci & Rodolfi” em blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ Ver mais sobre os jovens Capponi nota 107.
(95) Boutier, Jean – artigo « Trois conjurations Italiennes : Florence (1575), Parme (1611), Gênes (1628) » in « Melange de l´ Ecole française de Rome ». Italie et Méditerranée, T. 108, n 1, 1996, pg. 319-375 pdf nos dá uma imagem, completa e bem sugestiva, do que foram as tenazes perseguições dos mercenários pagos pela família Medici para alcançar os foragidos das conspiraçôes nos séc. XV e XVI, perseguições certamente tão temidas por nosso parente Filippo Cavalcanti.
(96) O jovem Piero di Lorenzo Ridolfi era membro de tradicional família de banqueiros nobilitados em 1415, que de início apoiaram os Medici ligados por laços familiares, mas depois contra eles se colocaram.
Seu avô, Piero Ridolfi, (1466-1525) foi banqueiro
e coletor, marido de Contessina Medici, filha do grande Lorenzo. Em 1512 Piero
Ridolfi conseguiu mesmo resgatar o Palazzo Medici/Ridolfi, confiscado em 1495 durante
a primeira República a seu pai Nicolo Ridolfi, pois este havia conspirado a
favor dos Medici com Bernardo del Néri.
Entretanto, a partir da década de 20 vinham os Ridolfi conspirando, agora, contra os seus próprios parentes Medici. Este mesmo Piero Ridolfi, banqueiro, teria conspirado contra os Medici já nas reuniões do Oricelai na década de 20, segundo correspondência de Roberto Ridolfi com Maquiavel.
Seu filho, o cardeal Nicolo Ridolfi (1501-1550) apoiou os Strozzi depois de 37, tendo encomendado a Miguelangelo um famoso busto de Brutus, símbolo do tiranicídio e já de republicanismo. Nicolo teria sido envenenado quando ia ser papa.
Outro filho de Piero e Contessina Medici, Lorenzo di Piero Medici-Rodolfi (1503-1576), pai de Pierito, ligado a familia contestadora dos Strozzi, casado com Maria di Fillipo Strozzi, comprou o palácio Tornabuoni em 1563, depois a ele arrestado em 76 com todas as estátuas e obras de arte que tinham dentro - o jardim e a casa contígua, cedido a Alessandro Medici, futuro papa Leão XI. A villa di Marignolle foi também adquirida por ele nos anos 50 e lhe teria sido arrestada em 60 por sua participação na conjuração Pucci (Fonte Villa Marignolle).
Ainda o Palácio Incontri havido por Pierino Ridolfi como dote dos Salviati lhe foi também arrestado. Ver sua perseguição e morte texto abaixo e nota 103.
Lorenzo Ridolfi teria um outro filho, Francesco, casado com Virginia Pucci Ridolfi. Esta sofrida e belíssima Virginia di Pandolfo Ridolfi tem seu famoso busto em mármore hoje exposto num Museu existente no Bargello, em Florença. Virginia, cunhada de Pierino era filha de Pandolfo Pucci degolado em 60 e também irmã de Orácio Pucci decapitado por esta conspiração em 27 de agosto de 1575. Sobre a bela jovem ver mais Torres, Rosa Sampaio, artigo conspiração Pucci &Cavalcanti e conspiração Pucci & Rodolfi em blog www.rosasampaiotorres.blogspot.com/, especialmente nota 46.
(97) Masino, Otello - Firenze Attraverso i Secoli, L.Capelli, 1929, pg. 30, tendo como fonte, certamente, Agostino Lapini autor do Diário Florentino, ed. Guiseppe Odoardo Corazzini, Sansoni, 1900, original Universidade de Michigan, pdf.
(98) Murphy, Caroline P. - opus cit., pg. 292-93, confirma através fonte diplomática que Francisco I desde 1575 sabia da doação de jóias e cavalos por Eleonora para auxiliar a fuga de Piero Ridolfi.
(99) Os assassinatos das jovens Medici e seus amantes são muito bem analisados por Murphy, Caroline P - Murder of a Princess, Oxford Press, 2008, ainda que o contexto maior destes episódios não seja ainda alcançado pela autora. Também o historiador Jean Boutier, acima referido, que tenta abordar esta conjuração em seus detalhes, não cita as jovens Medici, Antinori ou Orsini como envolvidos nestes episódios conspirativos. O tema é abordado em contexto mais amplo, mas sem pretensões de esgotá-lo em Torres, Rosa Sampaio – artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, 2ª Parte Conspiração Pucci & Ridolfi em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(100) Napier – Henry Edward, opus cit. pg. 288. Segundo Murphy, Caroline P - Murder of a Princess, Oxford Press, 2008, pg. 247-250. Troilo Orsini recebeu missões diplomáticas de Cosimo I à Polônia e também junto à rainha Catarina da França nos anos 69, sempre muito bem recebido nesta última corte. Uma de suas missões foi levar auxilio militar à Catarina e seu filho Charles IX no combate aos Huguenotes, fato registrado em quadro famoso de Atanagio Fontebuoni, pintado alguns anos depois de sua morte, ao que tudo indica, uma homenagem às suas ações em favor desta corte. Stamley, Edgumbe – The Tragedies of the Medici, citada, pg.158, em nota, nos sugere que Troilo Orsini poderia estar a serviço do rei francês desde 1567, pois neste ano era “gentilhomo do re Cristianissimi”, indicado como fonte, Mutin, vol. V. A perseguição de Orsini pelo mercenário dos Medici até a corte francesa é narrada por Gnoli, Domenico- Vitória Accoramboni, ed. Monier 1870, pg. 404-414.
(101) Lapini, Atostino - opus cit., pg.194. O Arquivo Storico Italiano por Deputacione Toscane di Storia Pátria, ano 1777, pg. 235 em pdf, utiliza a expressão “suplicio”. Data também citada por di Ricci, Giuliano - Cronaca (1532-1606), vol. 17, ed. Juliana Spori, Unversidade de Michigan, Ricciardini, 1972, pg. 212. Sobre os Machiavelli consultar a tabela cronológica de Boutier, Jean – artigo citado.
(102) Boutier, Jean – artigo citado, pg. 332 e ASF cit, pg. 23. Sobre a tenaz luta dos Martelli, família de longa data também contestadora dos Medici, artigo “Conjuração Pucci & Cavalcanti”, 2ª parte, www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ especialmente, nota 76.
(103) ASF, Arquivo Alessandra Contini Buonacorsi - Le donne Medici nel Sistema europeo delle Corti, XVI-XVIII secolo, Vol. 2, Convegno Internazionale, Firenze, 2005, pg. 506, confirma a prisão de Piero Ridolfi na Germânia, mais precisamente em Ratisbone. di Ricci, Giuliano – opus cit, pg. 149, indica 22 de março de 1576 para sua chegada à Florença, preso, vindo da Alemanha. Arditi, Bastiano - Diário di Firenze e di altre parti dela Cristianità (1574-1579), Instituto di Studi sul Rinascimento, 1970, pg. 105, afirma que Ridolfi foi interrogado na primavera de 1577.
Quanto à sua morte: Seidel, Max e outros - La Ville de Marignolle, Marcilio, 2000 pg. 48, afirma a morte de Piero Ridolfi no cárcere, citando como fontes ASF- Manuscriti, Diário de Sestemanni, c 119 - morte confirmada também por Arditi, Bastiano - opus cit. pg. 15. Sobre sua decapitação e a ocasião deste episódio, informações superficiais obtidas em Dupré, Maria Gracia Ciardi e outro - Scritti di Storia dell ´art in onore di Ugo Procacci Dal Poggetto 1977, s/pg. A ficha da Wikepédia informa o “enforcamento” de Piero Ridolfi em 1577, tendo como fonte Inghirami, Francesco, Storia della Toscana, vol. X, Firenze, 1843, pg. 24, sem que pudessemos consultar diretamente suas fontes.
Boutier, Jean – opus cit, não informa a detenção nem a morte no cárcere de Piero Rodolfi, e a data da sua morte é apenas referida na tabela genealógica como no ano de 1589. Este é o ano de morte repetido, talvez equivocadamente, em várias outras fontes genealógicas sobre Piero di Lorenzo Ridolfi.
Não podemos, portanto, precisar a data da
morte de Piero Ridolfi, nem como ela ocorreu. Apenas uma data completa é
vagamente referida à Piero Ridofi - 29 de maio 1577 - obra baseada no
ASF, Arquivo Alessandra Contini Buonacorsi – citada, pg.506.
(104) O acompanhamento da caçada aos Capponi pelo historiador Jean Boutier é notável, devendo ser conferida com a própria leitura do texto. Boutier, Jean - artigo citado, pg. 335-337.
(105) Boutier, Jean – artigo citado
pg. 333.
Afirma Heller, Henry – Anti-italinism in
sixteen-century France, Toronto Press, 2003, pg. 180 : ”In a single year
from november 1577 to november of the following year, Saracin [embaixador toscano] arranged the
assassination of three florentines exiles – Troilo Orsini, Francisco Alammani e
Bernardo Girolami. Aprised of these scandal, the king arrested, judged and
expelled the secretary of the ambassador, Curzio Pichene, as the principal
instrument of these killings”.
Acrescentamos que provavelmente Bernardo Gerolami seria aparentado de Jean Gerolami, este punido por Cosimo I com prisão pérpetua na conspiração de 1559.
Francesco Alammani era da atuante e conspiradora família Alammani, parente do celebre participante da conspiração de 22, Luigi Alamanni - estadista e famoso poeta exilado muitos anos na corte francesa - e de Nicolo, que havia atuado da França, na conspiração anterior de 1559.
(106) Urbano de Ripa culpado por ter auxiliado Piero Rodolfi, teve melhor sorte: fugiu para a Polônia, mais precisamente para a Lituânia, onde vários membros da família Soderini, e muitos outros cidadãos florentinos, republicanos exilados, estavam refugiados segundo Ciampi, Sebastiano - Bibliografia Critica delle Antiche Reciproche Corrispondenze, Vol I, Firenze, per Guglielmo Piatti, 1839, pg. 128, nota, tendo como fonte carta de Stefano Batori ao grão duque, em 17 de junho de 1583. Muitos outros republicanos florentinos exilados são ainda citados pelo autor como permanecendo na Polônia ainda nesta ocasião: Luca e Bernardo Soderine, Domenico Alamanni, Francesco Bergamo, Francesco Dini, Fabio e Giulio Baldi, Gaspare Gucci, Simone Lupe, Giovanni Thebaldi, Antonio Viviani, Sebastiano e Valerio Montelupi, Filippo Talduci - todos os nomes igualmente citados no trabalho polonês Zeszyty Naukowe Uniwersytetu Jagiellonskskiego, Prace, Historyczne, edição 66, pg. 162.
(107) A morte de Piero Capponi é confirmada em Diaz, Furio – Il Gran ducado di Toscana; I Medici, UTIET, 1976, pg. 232 e Murphy, Caroline P. – Isabelle de Medici, Murder of a Medici Princess, Oxford Press, 2008, pg. 292. A morte de Piero é também referida por Carta, Paolo – La Republique em Exil, XVXVI siècles. ENS, 2002, pg.115, que cita Piero Capponi como exemplo dos republicanos florentinos protegidos pela corte francesa de Catarina de Medici.
Sachetti, Franco e Capponi, Gino – La villa di Marignolle, Universidade de Michigan, Marcílio, 2000, pg. 30, comentam as boas relações de Piero Capponi com a Rainha inglesa e seu sepultamento em Londres.
Notamos que o historiador Jean Boutier, no artigo citado, acompanha notavelmente a caçada dos Capponi, mas não registra a morte de Piero Capponi.
A data do falecimento de Uguccione Capponi, alcançado pelos sicários Medici fora do Estado, bem mais tarde, em 1597, é apenas referida em di Ricci, Giuliano, Cronaca (1532-1606) vol. 17, Ricciardi, 1972, pg. 212. Coincide com data da tabela de Boutier, Jean – artigo citado.
Ruperto (Roberto) di Piero Capponi teria sido, na França, ainda bem mais tarde, em 1605, igualmente assassinado. Já no poder estaria o grão–duque Ferdinando que, formalmente, já o teria perdoado - Boutier, Jean – artigo citado, pág. 337, sua fonte P. Litta e Passerini.
(108) Inghirami, Francesco, Storia della Toscana, vol. X, Firenze, 1843, pg. 249.
Não podemos deixar de nos referir, também, aos inúmeros palácios arrestados nesta ocasião por Francisco I di Medici, aos Rodolfi: o Palazzo Tornaboni, arrestado em 76, com todas as estátuas e obras de arte que tinham dentro, o jardim e a casa contígua; a belíssima Villa Marignolle, arrestada a seu pai, Lorenzo di Piero Ridolfi, em 78, e o Palácio Incontri, havido por Pierino Ridolfi como dote dos Salviati.
(109) Sobre a capela Cavalcanti em Florença ver Cavalcanti, Sylvio Humberto – opus cit., ano 1563.
(110) Texto baseado em trabalho anterior, Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos” em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/ que utilizou como fontes principais, em português - Albuquerque, Cássia; Cavalcanti, Marcelo Bezerra e Doria, Francisco Antonio – Cavalcantis: na Itália e no Brasil - Ed. eletrônica on line, 2010 e, em inglês - Sicca, Cinzia M. - artigos de Historia da Arte na revista “Renaissence Studies” n. 16 e 20.
(111) Carta de Henrique VIII a Giovanni Cavalcanti, datada de Londres, 20 de novembro de 1528, carta que se encontra, em seu original, na Biblioteca Nacional Central de Florença, Sala Manoscritti Rari, Passerine 156 - Cavalcanti, encontrada e gentilmente disponibilizada por Marcelo Bezerra Cavalcanti no seu Blog “Famiglia Cavalcanti”, com foto do documento.
Sabemos também que Giovanni di Lorenzo obteve um empréstimo da comuna de Florença no ano de 1526. Ver detalhes sobre “este empréstimo”, e o seu pagamento muito parcelado, em Sicca, Cinzia M.- “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, pg.6, e nota 22 - mais em Sicca Cinzia M. - Artigo “Consumption and trade of art beetween Italy and England in the half of the sixteenth century : the Londos house of the Bardi and Cavalcanti company” in Renaissance Studies 16, no 2, 2002, pg. 166, nota 15, citando J. Stephens, The Fall of The Florentine Republic, 1512-1530, Oxford, 1983, pg. 188. Acreditamos que seja necessário o aprofundamento do assunto.
(112) Giovanni Cavalcanti utilizou
sua função de financiador e mercador de arte politicamente exportando o quadro ”Rebecca al Pozzo” do
pintor Il Rosso (1496-1540), que usava temas bíblicos como simbólicos de
liberdade e se exilou depois na França. Giovanni tentou também retomar projetos
artísticos para o túmulo de Henrique VIII, visando atraí-lo para a causa antimedici.
Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”
pg. 3. Mais sobre Il Rosso neste mesmo artigo, nota
22 em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
Lembra Cinzia Sicca:
“However,
Cavalcanti´s loyalty to Florence prevailed over that to the Medici. When
it became obvious that his home town was suffering under medici rule, he supported the city outright. The artistic
agency that he had deployed over the years at the English court, and which had
been driven by business considerations, became a further tool to be used win
Henry VIII over to the Florentine cause.” Sicca, Cinzia M – artigo “Pawns
of international finance and politics: Florentine scultors at the court of
Henry VIII, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, pg.34.
Este tipo de propaganda visando atrair para a causa antimedici foi utilizado também por Filippo Strozzi, nesta ocasião, em relação ao rei francês. Em nota deste mesmo trabalho no. 102, Cinzia Sicca afirma: “In a letter of 29 january 1529 to Filippo Strozzi, Della Palla described his commission to provide works of art for François I and his family as “utilíssima et necessária alla conservatione di questa liberta felicíssima [...]”, quod in Elam, Art, document 4.”
Sabemos que Ruberto Strozzi, filho de Filippo Strossi, também procurou atrair o rei francês ofertando-lhe duas estátuas de Miguelangelo “Prigioni” (Prisioneiros). Ver Torres, Rosa Sampaio, artigo “Rebeca ao poço”
(113) A situação final de auto-exílio de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti é conclusão de Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” em www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
(114) A personalidade de Leão X é também apresentada através sua amizade com nosso parente Giovanni Cavalcanti em Torres, Rosa Sampaio - artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”.
(115) Leão X teria mesmo tentado atrair os Mainardo Cavalcanti para a esfera Medici com encomendas de seda entre 1512 e 1513. Sicca, Cinzia M. – artigo citado 2006, pg.12, nota 41.
(116) O episódio no qual Niccolò Machiavelli tenta novo apoio do cardeal, episódio do qual o nosso Giovanni Cavalcanti participa como “gentlement usher”, acompanhante do cardeal, negando o acesso do emissário de Machiavelli ao recém escolhido Leão X é referido detalhadamente por Sicca, Cinzia M. – artigo citado 2002, pg. 169, citando carta de Francesco Vettori para o próprio Machiavel de 15 de março 1513. Sobre estas novas pretensões de Machiavel de ser protegido por Leão X, consultar também carta de Niccolò Machiavelli a Francisco Vettori em 13 de março de 1513, comentada in Pires, Francisco Murari – artigo “Maquiavel e Tucídides”, em blog, ed. Eletrônica.
(117) Sobre as negociações para o casamento de Clarice Medici e Filippo Strozzi, Thomas, Adolphus - Philippo Strozzi: A history of the last days of the old Italian Liberty. Howard Cllege Library, London, Chapman e Hall, 1860, capítulo Inicial.
(118) Sobre Guido di Giovanni Cavalcanti, além das informações já referidas acima, consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos Filippo, Schiatta e Guido” em www.rosasampaiotorres.blospot.com/
(119) Bartlett, K. - artigo “Papal Polici and the English Crow 1563-1565”, Sixteen Century Jornal XXIII, Vol. 23, n. 4, 1992, pg. 643-659, refere- a uma carta de Guido Cavalcanti datada de 1563, enviada de Londres para uma Ginevra sua mãe, em Florença, com informações pessoais. Detalhes desta carta nota abaixo 120
Sobre a existência desta filha e outro filho, também de Giovanni, consultar Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos Filippo, Schiatta e Guido” em www.rosasampaiotorres.blospot.com/ e “Giovanni di Giovani Cavalcanti”
Doria, Antonio Francisco – Tabela Genealógica Cavalcanti, gentilmente cedida pelo autor refere este filho de Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, também de nome Giovanni, citando suas fontes.
(120) Sobre as inúmeras atividades informais diplomáticas dos jovens irmãos Schiatta e Guido, na corte inglesa, ver com detalhes Mann, Julia de Lacy e outros - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973, pg. 40.
Várias outras informações a respeito de Guido também Ramsay, Jorge
Daniel – The City of London in International Politicsat the accession of
Elisabeth Tudor, Manchester University Press, 1975, pg. 106,107. e nota 135,
onde afirma: “At this time [1562/63], he was believed to be much in credit
whith lord Robert Dudley.”
Bartlett, K. - artigo “Papal Polici and the English Crow 1563-1565”, Sixteen Century Jornal XXIII, Vol. 23, n. 4, 1992, pg.643-659, refere-se a uma carta de Guido enviada de Londres, em 1563, para Ginevra sua mãe em Florença, relatando seu conhecimento de negociações entre a cúria e a Inglaterra para melhorar as relações religiosas entre os dois estados.
(121) Sumário storico delle famiglie celebri toscane riveduto dal Cav. Luigi, Passerini, Pisa, vol. I, pg. 319-326, Pdf afirma que Guido Cavalcanti já em 1562 prestava serviços para o rei francês. [Guido]... “per avere in avanti trattato diversi affari fra questi due regni era bene informato degli interessi dell´ uno e dell outro.”
(122) Sobre a influência de
Lucrecia Cavalcanti na corte francesa e sua participação com o filho de Giovanni
di Lorenzo Cavalcanti no cortejo de casamento da jovem Catarina de Medici, ver
notas acima 51 e 60.
(123) Sobre uma possível
intermediação de Schiatta entre Philippe II e Margarida de Parma em negócios de
refino de sal ver Bulletin de lInstitut historique belge de Rome, vol
12-14, 1932, Universidade de Wisconsin – Madison, pg. 5.
(124) Sabemos por Mann, Julia de Lacy e outros - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973, pg. 40, que Guido Cavalcanti em 1569 teria tentado reabrir negociações para o casamento entre Elizabeth I e um príncipe francês, citando Levy, F.J - artigo “A semi-profissional diplomat: Guido Cavalcanti and Marriage Negotiations of 1571” Bulletin of the Inst. of History Reseach, XXV (1962), pg. 211-20, artigo potencialmente muito interessante sobre Guido, mas não consultado por nós.
A sugestão de que Guido di Giovanni também
estivesse envolvido nas conspirações ligadas a Florença em 1575 já que
participante do Conselho do Estado Francês para os assuntos florentinos é
conclusão e resultado dos meus artigos “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus
filhos...” e “Conspiração Pucci & Ridolfi”, 2ª parte, “Conspiração Pucci
& Cavalcanti’ www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
Ver também nota 125.
(125) Sumário storico delle famiglie celebri toscane riveduto dal Cav. Luigi Passerini, Pisa, vol. I, pg. 319-326, Pdf
(126) Alighieri, Dante - The early Italian Poets (1100-1200) Dante Gabrielli Rosseti, 1861, pg. 204 nota. A Biblioteca ambrosiana está localizada em Milão. Sugerimos que as visitas de Guido a esta cidade em busca de livros, por sua proximidade com Florença pudessem ser talvez pretexto para encontros e contatos com conspiradores. Não sabemos também se Guido teria ligações com seu parente Nicolò di Bastiano Cavalcanti que foi comprometido nos tumultos de 1575 e enforcado em Florença, neste mesmo ano. Ver texto acima relativo á conspiração Orácio Pucci&Ridolfi.
(127) Além do já referido no
texto acima, alguns detalhes das relações entre Bartolomeo e Catarina di Medici
podem ser ainda citados em meu trabalho “Conspiração Pucci & Cavalcanti” em
www.rosasampaiotorres.blogspot.com/
e, especialmente, pequena biografia de Bartolomeo na nota 12.
(128) A descendência de Bartolomeo Cavalcanti e de Lucrecia (na França, Lucrèce), consta em Torres, Rosa Sampaio “Conspiração Pucci & Cavalcanti” nota 12 e 22, com fontes, e “Bartolomeu di Mainardo Cavalcanti, ambos publicados em seu blog.
(129) A passagem de Felipe por Portugal é documentada pela carta de nobreza atestada por Cosme I de Medici arquivada no Arquivo do Estado de Florença, com um adendo relacionado à cruz que Filippo pretendia receber do rei português, encontrada pelo genealogista Francisco Antonio Doria e já disponibilizada on line, “Filippo di Giovanni Cavalcanti”. Também uma carta de seu irmão Giovanni comenta nesta mesma época sua passagem pela Espanha (fonte artigo de Torres, Rosa Sampaio “Giovanni di Giovanni Cavalcanti”, no seu blog ).
(130) O provável comprometimento de Guido Cavalcanti e Catarina de Medici nestes episódios conspiratórios da década de 70 é conclusão do texto acima e de nossa pesquisa nos artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti e, 2ª parte, Conspiração Pucci & Ridolfi” no blog citado. Ver também texto acima e nota 123.
(131) As simpatias dos reis
ingleses Henrique VIII e Elizabeth I pelos Cavalcanti, especialmente desta Rainha por rebeldes
republicanos florentinos como Piero Capponi, são a conclusão do texto acima e
de nossas pesquisas apresentadas nos vários trabalhos já citados. Ver,
especialmente, as fontes citadas na nota 106.
Filippo Cavalcanti também teria gozado da
simpatia da casa real protuguesa que, aparentemente, lhe confere uma comenda. Ver
acima, nota 129.
(132) Sobre a grande migração de famílias florentinas de prestigio, acossadas da Europa pelos Medici por motivos políticos no séc.XVI até mesmo para o Brasil, seria necessário estudos familiares, caso a caso. Numa primeira abordagem sugerimos, além dos Cavalcanti:
- os Salviati que teriam ido, já em 1478, se refugiar na ilha da Madeira por Giovanni Salviati, filho de Jacobo Salviati que, neste mesmo ano, foi comprometido e estrangulado no dia da eclosão da conjuração Pazzi (mídia eletrônica Geneall. pt. doria) Ver mais acima no texto.
- os Acciaiolis, que sugestivamente migraram
também para Madeira e depois no Brasil. Simone di Zanobio Acciaiuoli, nascido
em 1497, em 1509 acha-se já migrado para o Funchal, Ilha da Madeira. Simone era bisneto de Zanobi Acciaioli,
inimigo acérrimo dos Medici. Simone teria também ligações familiares com o
contestador Neri Acciaioli, por sua mãe. Ver mais notas acima 11, 12, 13.
- os Manelli que teriam vindo para Pernambuco
através Nicolau Spinelli, parente do lado materno de Filippo di Giovanni Cavalcanti.
Barata, Carlos Almeida & Bueno, Antonio Henrique Cunha – Dicionário das
Famílias Brasileiras. Iber-América, pg.1415.
(133) Sobre a morte de Alezandro
Salviati, exemplo de punição por “ato de traição", ver texto acima e notas
referentes no. 58 e 70.
(134) Sobre os filhos de Cosimo, ver nota acima no. 89 e Torres, Rosa Sampaio - artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti”, no seu blog.
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